Traduzidos das runas originais por Hermione Granger, como o próprio livro informa na primeira página, este livro traz cinco histórias, em formato de contos de fadas, contadas pelos pais bruxos à sua “gente pequena”. Um exemplar desse livro, como muitos devem lembrar, foi doado à Hermione por Dumbledore após sua morte e acaba por ajudar o trio a descobrir a verdadeira história por trás das Relíquias da Morte, já que este é um dos contos presentes no livro. Mas além desse conto já conhecido, outros quatro, não menos magníficos estão contidos nos Contos de Beedle, o Bardo.
Com uma introdução feita pela própria JK Rowling e comentários de Albus Dumbledore, o livro aumenta nosso repertório de contos de fadas que poderão um dia ser contadas a nossos filhos, ou netos. Cada um deles tem uma moral, como é comum em contos de fadas, e acho que são completamente aplicáveis tanto a bruxos quanto a muggles.
Vale à pena ressaltar também que “os royalties desse projeto foram doados ao Children’s High Level Group, uma organização cujo objetivo é beneficiar crianças que precisam desesperadamente ser ouvidas” (palavras da própria JK Rowling).
Bom, não vou dar mais detalhes da obra, porque cada pedacinho desse livro é mágico e quem for ler merece descobrir cada uma de suas peculiaridades. Vamos então à resenha de cada conto!
1 - O Bruxo e o Caldeirão Saltitante
Havia em uma vila um bruxo bondoso que usava a magia para ajudar seus vizinhos não mágicos utilizando para isso um caldeirão de onde ele dizia sair tudo o que precisava pra ajudá-los. Após a morte do bruxo, no entanto, seu filho foi quem herdou o caldeirão e ficou encarregado de dar prosseguimento as benfeitorias de seu pai, mas o jovem não concordava com o comportamento do pai e passou a ignorar os pedidos de seus vizinhos muggles. Mas isso lhe traria consequências desastrosas para não dizer desagradáveis.
Nos comentários, Dumbledore explica sobre a repercussão desse conto e do preconceito entre os bruxos ditos puros-sangues e sua repulsa em relação àqueles bruxos que confraternizavam com muggles.
2 - A Fonte da Sorte
“Uma vez por ano, entre o nascer e o pôr do sol do dia mais longo do ano, um único infeliz recebia a oportunidade de competir para chegar à fonte, banhar-se em suas águas e ter sorte a vida inteira.”
Três bruxas, Asha, Altheda e Amata decidiram tentar chegar juntas à fonte e quando os portões que davam acesso à fonte se abriram lá foram as três. No entanto, um homem conhecido como o Cavaleiro Azarado conseguiu se segurar com força as vestes da terceira bruxa e os quatro atravessaram os portões. Durante o conto vemos os desafios pelos quais passam cada um até alcançar à fonte. Mas apenas um poderia se banhar. Como decidir isso? E quais os reais poderes da fonte?
Dumbledore comenta que este é um de seus contos favoritos (e o meu também) e que houve uma tentativa de reproduzi-lo em uma Natal em Hogwarts na época em que ele ainda era um jovem professor de transfiguração, porém a ideia não deu muito certo. Mais uma vez Dumbledore também ressalta problemas que ocorreram em relação a esse conto e bruxos que queriam evitar fortemente a mistura entre bruxos de sangue puro e nascidos muggles.
3 - O Coração Peludo do Mago
Esse conto fala sobre o amor, ou melhor, a maneira de evitar ficar profundamente apaixonado e suas consequências. Um jovem mago rico descobre um jeito para não se apaixonar e assim evitar ficar bobo como seus colegas da mesma idade. No entanto o tempo vai passando. Seus colegas casando-se, tendo filhos e ele continuando solteiro. Curtindo a vida. Acontece que não há como viver para sempre sem amor e aparece uma mulher por quem o mago, acha que valeria a pena correr o risco. Mas como reverter o feitiço se é que isso é possível.
Os comentários de Dumbledore a esse conto são lindos e falam da intenção do mago de evitar o inevitável. Separar o coração do corpo e suas consequências. De como não é possível viver sem o amor.
4 - Babbitty, A Coelha e seu Toco Gargalhante
O conto é sobre um rei muggle, descrito como apalermado, que há muitos anos decidiu que devia ter poderes mágicos. O rei passou então a ordem de que fosse encontrado um Instrutor de Magia. Nenhum bruxo ou bruxa se candidatou para o cargo. No entanto um charlatão viu a chance de ficar rico e se ofereceu para o serviço. Ele, entretanto estava sendo observado de perto por uma feiticeira, Babbitty, que era lavadeira do palácio. Suas tentativas de fazer o rei realizar um feito mágico não deram certo e o rei ameaça matá-lo caso ele não consiga realizar mágicas e o impede de deixar o palácio. O charlatão, no entanto acaba descobrindo Babbitty e seus poderes e faz um acordo de não entregá-la aos caçadores de bruxos caso ela o ajude realizando as mágicas que o rei desejar fazendo-o pensar que é ele mesmo a realizá-las. Mas nem tudo sai como o planejado. Há uma reviravolta nos destinos do rei, do charlatão e de Babbitty. E o que a coelha tem haver com tudo isso?
Os comentários de Dumbledore falam sobre a impossibilidade da magia de ressuscitar os mortos, sobre os animagos fala um pouco sobre a proteção das árvores com madeira indicada para a confecção de varinhas.
5 - O Conto dos Três Irmãos
Acho que esse é um dos contos mais conhecidos do livro todo. Fala dos três irmãos que encontraram a morte ao cruzar uma ponte e receberam dela as relíquias que quando juntas garantem ao seu possuidor ser o senhor da morte. A varinha das varinhas, dada a um dos irmãos seria a mais poderosa em todo mundo mágico. A pedra da ressurreição, entregue ao segundo irmão e que garantia trazer de volta a vida aqueles que já tivessem partido. E a capa da invisibilidade, que torna quem a usa invisível a todos. Essas três são as relíquias da morte. Mas ser possuidor de tão poderosos artefatos podem trazer consequências perigosas. Será que os irmãos estavam prontos a enfrenta-la ou tudo não passava de uma simples armadilha da morte?
Dumbledore comenta sobre a impossibilidade de vencer a morte e comenta sobre a veracidade desse conto. Que as relíquias realmente existam e fala sobre a possibilidade de cada uma ter ou não sido encontrada. A por parte dele também um extenso texto sobre a varinha das varinhas.
Minha opinião:
Um tanto órfã depois da morte precoce de Remus Lupin, eu levei um tempo até comprar algo relacionado à série e quando comprei esse livro fazia muito tempo de seu lançamento. No entanto eu adorei ter comprado e lido. (Ainda estou com a morte dele e da Tonks atravessada na garganta, mas os contos não têm culpa disso). Eu realmente espero poder ler ou mesmo contar essas histórias à “gente pequena” um dia. Contarei junto as histórias da Bela e a Fera, Cinderela ou Branca de Neve e deixarei à cargo dos pimpolhos escolher qual a melhor.
Sobre minha preferência, disparado é o conto “A Fonte da Sorte”. Nunca vi nada tão mágico sem magia (espero não ter estragado a surpresa para quem ainda não leu). É perfeito! Nossas crianças tinham que estar ouvindo coisas assim há mais tempo. Em segundo lugar eu coloco “O Coração Peludo do Mago”. Mais pela minha identificação com a história. Coloquei-me perfeitamente no lugar do mago da história. Apesar de ele ser homem, de alguma forma os anseios dele são muito parecidos com alguns que às vezes passam pela minha cabeça. “O Bruxo e o Caldeirão Saltitante” e “O Conto dos Três Irmãos” também são lindos e eu gostei bastante. O que eu levei mais tempo para assimilar foi “Babbitty, A Coelha, e seu Tronco Gargalhante”. Não que eu não tenha gostado da história. Eu literalmente levei mais tempo para saber o conto de cor. Mas agora essa fase já passou e eu considero os 5 contos obras primas. Devem entrar para a coleção de contos de fadas (ou talvez seja melhor contos de bruxas) que são contadas às crianças.
Ficha
Título: Os Contos de Beedle, O Bardo (The Tales of Beedle the Bard)
Autora: JK Rowling
Tradução: Lia Wyler
Editora: Rocco
Páginas: 128
Link do livro no Skoob: Os Contos de Beedle, O Bardo
Curiosidade:
Bardo, segundo o dicionário Aurélio é um poeta heroico, entre os celtas e gálios. Um trovador.