[Resenha] Um estudo em Charlotte

Desde que conheci a série Sherlock da BBC me interessei por tudo relacionado aos Holmes (e aos Watson, obviamente) e me interessei de imediato ao ver a resenha desse livro. Era uma proposta diferente, com o detetive e seu fiel amigo tendo existido realmente, Arthur Conan Doyle foi o agente literário de doutor Watson e agora, seus descendentes vivem sem perder a referência dos parentes famosos.

[Sinopse] No primeiro livro da série protagonizada pela jovem Charlotte, descobrimos que o talento para solucionar crimes corre no sangue da família Holmes. Com apenas 10 anos, a mais nova descendente do detetive ajudou a polícia a recuperar diamantes que valiam três milhões de libras. Agora, no ensino médio, a capacidade analítica da jovem é posta mais uma vez à prova quando um estudante da escola que ela frequenta nos Estados Unidos aparece morto sob circunstâncias intrigantes, aparentemente inspiradas em uma das histórias mais aterrorizantes de Sherlock Holmes. Os principais suspeitos do crime? Charlotte Holmes e Jamie Watson. Sim, esse mesmo, o tataraneto do fiel amigo do detetive inglês. (Leia a resenha completa: Skoob)

 

“Bem, ali estava minha aventura: um idiota misógino morto, eu como principal suspeito e meu pai distante aguardando para participar do meu interrogatório.”

A história começa com James (Jamie) Watson, ele não gosta do apelido, defendendo Charlotte Holmes de um valentão no colégio interno onde eles estudam. Os dois não se conheciam pessoalmente, mas depois desse episódio acabam tendo que se unir quando Lee Dobson, o valentão, aparece morto e aparentemente há alguém se esforçando para que Holmes e Watson levem a culpa.

“Porque a verdade era que eu estava apavorado. Preferia até não acordar mais. Holmes e eu éramos alvos de alguém, e não fazemos ideia de quem.”

Os personagens principais da trama são James e Charlotte. Eu levei um tempo para me localizar quanto à idade dos dois, e fiquei em dúvida se eram adolescentes ou jovens adultos. Imagino que isso deve ter acontecido por haver temas pesados como uso de drogas, menção a estupro, assédio e o próprio assassinato em si na história. No desenrolar da trama somos informados a idade de ambos e eles têm dezesseis anos. Com essa informação posso dizer que não me identifiquei com os personagens, mas me afeiçoei aos dois, assim como compartilho um pouco da personalidade arredia e facilmente irritável de um Holmes. Sorte da Charlotte que tem um Watson ao lado dela.

“Eu gostava de coisas que faziam sentido. Histórias. Causa e efeito.”

Os personagens secundários são os colegas de dormitório de James, Tom, e de Charlotte, Lena, com quem eles têm boa relação. O Sr. Wheatley, professor de escrita criativa do internato de Sherringford e a Sra. Dunhan, matriarca do alojamento de Watson e que parece fazer às vezes de Sra. Hudson. A propósito, referências à parte, Charlotte tem um laboratório só para ela no prédio de ciências em uma sala de número 442. Há ainda os pais de James, divorciados e morando em países diferentes, o garoto morava com a mãe em Londres com mínimo contato com o pai até ir para o internato. O detetive Shepard, que demora um bom tempo até aceitar a ajuda de dois adolescentes para desvendar um crime, Milo, irmão mais velho de Charlotte e outros funcionários da escola.

“Bom, meu pai tinha casado com a mulher certa. Ela era tão insensível quanto ele.”

A história é narrada em primeira pessoa por James Watson, assim como nos livros publicados por seu tataravô, John Watson. Já li algumas reclamações sobre como ele fala da Charlotte, de forma apaixonada e com adjetivos em excesso, até a própria Holmes reclama disso no epílogo que escreve, mas não vejo motivo para tanto alarde exatamente por se tratarem de dois adolescentes(!). Além dos hormônios aflorados da época, o garoto está sendo acusado de assassinato e com muito medo de ir preso, que bom que ele não esconde seus sentimentos. O contrário acontece com Holmes que desde criança foi ensinada pela família a fazer isso e é perceptível como fez mal a ela. Somo humanos e humanos tem sentimentos. Simples assim.

“Mas sempre gostara de catalogar os detalhes de um lugar e das pessoas, usando-os como material para minas histórias.”

Essa foi a segunda vez que li esse livro, adquirido gratuitamente quando a editora disponibilizou em 2020 e inclusive faz parte da lista ‘40 antes dos 40’, pois eu criei uma expectativa bem diferente e não estava muito numa vibe para ler livros com personagens adolescentes (ainda não estou), e acabei não gostando muito. No entanto, dessa vez gostei mais e estou pensando em ler as sequencias para continuar acompanhando as aventuras de Charlotte e James. O final é fechado, mas deixa assunto para as continuações. Recomendo para quem gosta de um mistério intrincado inspirado nas histórias de Sherlock Holmes com um pouco de drama adolescente.

“Tentei lutar contra o sentimento de que eu era um coadjuvante na minha própria vida.”

Título Original: A Study in Charlotte
Autora: Brittany Cavallaro
Tradução: Maryanne Linz
Páginas: 384
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano: 2019
Link do livro no Skoob: Um estudo em Charlotte (Charlotte Holmes #1)

Já conheciam esse livro?
Ficaram com vontade de ler?