abril 18, 2012

[Sessão Pipoca] Coraline e o Mundo Secreto

Cuidado com o que você deseja.

Nove entre dez adaptações de livros para o cinema não ficam tão boas quanto o livro. Sempre faltam detalhes ou ocorrem mudanças para adaptar a trama às telonas. Bom, para mim, Coraline é um entre esses dez casos. A história criada por Neil Gaiman é uma fantasia cheia de mistério que agrada crianças de todas as idades! No entanto, apesar do livro ser muito bem escrito, não me diverti tanto lendo, quanto vendo o filme (na maioria das vezes me divirto mais com o livro).

It is not Caroline, it’s Coraline. (Não é Caroline, é Coraline).

Sinopse: Coraline (Dakota Fanning) é uma menina triste em sua nova casa, sempre aborrecida por causa dos vizinhos estranhos que a rodeiam. Um dia, então, descobre que atrás de uma parede de seu quarto há uma porta secreta para um outro mundo, com uma outra mãe e um outro pai - e numa versão muito melhor de sua vida. Coraline terá agora de decidir se deseja permanecer para sempre nesse lugar mágico. [Fonte: Filmow]

Coraline Jones é uma menina que se muda com os pais para uma casa antiga e muito grande que foi convertida em três apartamentos onde, além da família de Colaline, vivem as senhoras Forcible e Spink no apartamento embaixo da casa (que seria como se fosse o porão) e o senhor Bobinsky no apartamento acima da casa (que corresponderia ao sótão).
 
 
 
 
Com os pais sempre ocupados, a garota se sente entediada e resolve explorar a nova moradia e descobre uma portinha em um canto da sala de estar. Após muito insistir com a mãe para que abra a tal portinha, ela termina decepcionada em descobrir que não havia ali nada além de uma parede de tijolos.


Durante a noite, porém, Coraline tem uma surpresa. A portinha agora se abre para um túnel que leva a um mundo paralelo onde tudo é quase igual ao seu mundo, a diferença é que tudo lá é melhor. O outro pai e a outra mãe são atenciosos, as comidas oferecidas a Coraline são as que ela mais gosta e diferente do quarto que ela tem no mundo real, o do outro mundo é mágico e aconchegante.


 
 
Quando ela acorda no dia seguinte, no entanto, está de volta a realidade e fica sem saber se aquilo aconteceu ou se foi apenas um sonho, apesar de ter razões para acreditar que tudo realmente aconteceu. A aventura não para por aí, mas não vou contar mais, senão vou estragar a surpresa de quem ainda não assistiu. A história também conta com alguns animais que tentam evitar que ela caia nos perigos do outro mundo ou que tentam atraí-la até lá.

O filme é lindo e lembra bastante às animações de Tim Burton (que eu amo), mas ele não tem nenhuma participação no filme. No máximo talvez tenha servido de inspiração, mas aí já é especulação de minha parte.


Há também um personagem no filme que não está presente nos livros. Wybie. Criado para que Coraline pudesse ter com quem interagir durante o filme, principalmente durante suas explorações pelo terreno em volta da casa, Wybie se encaixou perfeitamente na história e quando li o livro senti a falta dele.

Outro detalhe que me faz amar esse filme é sua trilha sonora. As músicas que acompanham o filme são melodias que lembram canções de ninar, brincadeiras infantis e até mesmo excursões por locais assombrados. Adoro ouvir as melodias enquanto estou escrevendo ou lendo, pois, apesar de existirem algumas musicas com letra, as palavras ditas não são faladas em nenhum idioma que eu conheça (exceto a faixa onde as senhoras Forcible e Spink cantam em sua apresentação para Coraline - esta é em inglês).

Eu recomendo esse filme e também o livro e convido cada um a dizer qual lhe parece melhor. Eu continuarei vendo o filme ainda muitas vezes sem me cansar.

Título: Coraline e o Mundo Secreto (Coraline)
Direção: Henry Selick
Gênero: Animação, Fantasia, Suspense
Duração: 100 minutos
País: EUA
Lançamento: 6 de Fevereiro de 2009
Trailer: Coraline (2009) | Dublado (Youtube)

abril 16, 2012

[Receita] Mousse de Maracujá

La vai eu de novo para a cozinha pro desespero da minha mãe. Bom, pelo menos eu lavo tudo depois que termino! Mas essa receita é uma daquelas que não tem como dar errado. É muito fácil de fazer e a Mousse de Maracujá é uma sobremesa muito gostosa!

Receita: Mousse de Maracujá

Ingredientes:
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 lata de creme de leite
  • 1 lata de suco de maracujá concentrado (eu usei a lata de leite condensado pra medir o suco porque depois fica muito gostoso lamber a sobra de leite condensado misturado com suco de maracujá no fundo da lata!)


Modo de fazer:
 
Junte todos os ingredientes no liquidificador.
Bata até que a mistura fique homogênea.
Despeje a mistura em uma vasilha e leve a geladeira por 1 hora ou mais (até que adquira a consistência desejada).

Dicas:
  • Se quiser, compre 1 maracujá (fruta) e use as sementinhas para decorar a mousse! Além de ficar bonitinho gosto de mastigar as sementinhas!
  • Eu estou pensando em experimentar fazer essa mousse com suco concentrado de outras frutas. Se der certo conto pra vocês! Se alguém já fez conte como ficou!
Mais uma vez a cozinha está sã e salva! Minha mãe não tem tido do que reclamar! À propósito, ela provou a mousse e aprovou!

É de dar água na boca!

abril 13, 2012

[Curiosidade] Artrópodes a serviço da lei

O último conto publicado, no meu outro blog Universo Invisível, é um conto policial (Esconde-Esconde) que escrevi há algum tempo onde os investigadores usam a entomologia forense para ajudá-los na investigação. Hoje, algumas séries policiais citam o uso dos insetos durante as investigações, mas você sabe desde quando e como os investigadores passaram a usar essa ferramenta na elucidação de crimes? É uma história interessante, que aconteceu há muito tempo, em 1235 na China.
 
Como surgiu?
 
Em uma vila de agricultores, um homem foi morto, mas não havia nenhum suspeito do crime. Os encarregados de investigar o crime analisaram as ferramentas, no caso foices, utilizadas pelos homens e encontraram em torno de uma delas moscas voando, provavelmente atraídas pelo cheiro de sangue que mesmo após a ferramenta ter sido lavada continuava perceptível para os insetos. O dono da ferramenta foi interrogado e acabou por confessar a autoria do crime.

No entanto, nesse caso, os insetos não foram diretamente usados para resolver o crime, já que o assassino confessou. Vários anos depois, em 1855, na França, tem se o primeiro relato onde os insetos realmente “atuaram” na resolução de um crime. O corpo de uma criança foi encontrado em uma residência sob o piso encoberto por uma camada de gesso. Depois que os peritos analisaram os insetos presentes no cadáver e o seu estagio de decomposição chegaram à conclusão de que os moradores que residiam na casa apenas à poucos meses nada tinham haver com o crime e as investigações se dirigiram a família que residia anteriormente na casa.

A entomologia forense, no entanto, só se tornou mundialmente conhecida em 1894 quando Mégnin publicou na França o livro “La faune des cadavres”. Contudo, a metodologia utilizada por Mégnin, não pode ser aplicada para o Brasil devido à diversidade de a fauna brasileira ser muito diferente daquela de países de clima temperado e da grande dimensão continental do país. Assim, em 1908 Edgard Roquette Pinto e Oscar Freire, respectivamente nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia, iniciaram os trabalhos na área da entomologia forense nos Brasil. Com base em estudos realizados na primeira década do século XX em humanos e animais eles fizeram um registro dos insetos necrófagos em regiões da Mata Atlântica.

Pessoa e Lane (1941) complementaram os conhecimentos disponíveis de entomologia forense com um trabalho que abordava os coleópteros de interesse médico-legal e trazia um histórico até aquela data. Entre as décadas de 1940 a 1980 foram raros os trabalhos nessa área, já o período posterior se caracterizou pelo desenvolvimento desses estudos.

A princípio, os peritos criminais e legistas tratavam a entomologia forense com certo ceticismo, mas aos poucos passaram a contar com o auxílio dos entomólogos para aperfeiçoarem seu trabalho.

Como faz?
Os insetos podem ser utilizados para auxiliar a polícia em vários tipos de investigação. A aplicação mais conhecida é nos casos de morte. Mas, como diria Jack o estripador, vamos por partes!

A entomologia forense pode ser usada na investigação de danos causados por insetos, como cupins, por exemplo, em imóveis. Para tratar da contaminação em grande extensão de produtos estocados como feijão, milho entre outros. Ou mesmo para identificar a rota de entorpecentes analisando os insetos presentes na carga.

Já a utilização da entomologia forense em investigações policiais em casos de crime contra pessoa se fundamenta na característica dos insetos de colonizar cadáveres, ou seja, utilizá-los como sitio de alimentação e/ou reprodução.

Nos casos relacionados à investigação criminal essa ciência pode ser aplicada para definir o local onde ocorreu a morte, já que a fauna de insetos de um local pode (e na maioria das vezes é) bem diferente dos outros. Ao se encontrar espécies de insetos no cadáver que não sejam daquela região é uma evidência de que o corpo tenha sido movido do local original da morte.

O modo como ocorreu a morte também interfere na colonização dos insetos. Estes, normalmente procuram cavidades naturais do corpo para ter acesso ao seu interior. Locais precocemente colonizados podem indicar a presença de ferimentos.

Com a análise dos insetos também é possível dizer a quanto tempo a morte ocorreu. Pelo fato de alguns insetos (como por exemplo, as moscas) utilizarem o cadáver como sitio de reprodução, aspectos como postura de ovos, desenvolvimento das larvas e por fim a eclosão dos jovens pode ser empregada para estimar a quanto tempo o corpo está exposto. Isso porque o ciclo de vida desses insetos já foi previamente estudado e a quantidade de dias de desenvolvimento de cada fase já é conhecida. Da mesma forma, maus tratos contra crianças e idosos também podem ser aferidos já que ferimentos mal cuidados ou má higiene podem atrair insetos.
 
Isso é um pedaço de carne de porco, só pra esclarecer.
Eu particularmente acho a entomologia bem interessante, tanto que minha monografia foi sobre esse assunto. Ver como os insetos podem ajudar nas investigações criminais, às vezes difíceis de resolver, mostra como nenhum aspecto pode ser ignorado. Mesmo o menor dos insetos.

Experimento que realizei durante a graduação em Ciências Biológicas utilizando carne de porco como atrativo para os insetos.

Esse texto é apenas a apresentação de uma ciência que começou na China em 1235 e continua a pleno vapor. Muitos artigos podem ser encontrados na internet, mas mesmo assim, muito ainda há de se estudar. Ainda é necessário aumentar o conhecimento sobre quais espécies frequentam os cadáveres, como utilizam e por quanto tempo para cada região, para assim poder utilizar essa ciência de forma mais ampla do que é utilizada hoje.

Fontes:
  • Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios. Oliveira-Costa, J. Editora Millenium, Campinas, 258p.
  • PUJOL-LUZ, J.; ARANTES, L. C. e CONSTANTINO, R.. 2008. Cem anos da Entomologia Forense no Brasil (1908-2008). Revista Brasileira de Entomologia 52 (4): 485-492.
  • SOUZA, A. M. B. & KIRST, F. D.. 2010.Aspectos da bionomia e metodologia de criação de dípteros de interesse forense. pp. 169-182. In: GOMES, L. (Org.) Entomologia Forense: - Novas tendências e tecnologias nas ciências criminais. 1ª ed. Techinical Books Editora, Rio de Janeiro. 524p.

abril 08, 2012

[Resenha] A Garota dos Pés de Vidro

O livro conta a história de Midas, um tímido fotografo residente no arquipélago de Saint Hauda’s Land e Ida, uma garota aventureira que vai até à ilha tentar descobrir a cura para a estranha transformação que está acontecendo. Ela está se transformando em vidro. Isso mesmo, seu corpo está virando vidro.
 
[Sinopse] Cenários cinematográficos, paisagens paradisíacas, pântanos congelados com animais transformados em vidro, florestas brancas, penhascos monocromáticos, um oceano de baleias, lendas e águas-vivas. Este é o universo fantástico de Ali Shaw, autor britânico que renova as fábulas e cria uma inusitada história de amor. Midas é um tímido fotógrafo ilhéu. Ida é uma jovem aventureira que vem ao arquipélago de Saint Hauda's Land buscar a cura para sua misteriosa doença. Ela está se transformando em vidro e juntos buscam uma solução. O que eles mais precisam é de tempo - e o tempo está passando rápido. Será que vão encontrar uma maneira de evitar a propagação do vidro? (Fonte: Skoob)

A história acompanha essa transformação e o envolvimento de Midas e Ida enquanto ele tenta ajudá-la. Cheia de flashbacks da vida de Midas, somos envolvidos por uma atmosfera romântica muito doce e suave. É o tipo de livro que apesar da tensão que ficamos por causa da doença de Ida, ao mesmo tempo é como se estivéssemos em um lugar muito aconchegante, protegido e muito bonito (a paisagem descrita é de inverno com muita neve que eu adoro).
Faz um tempinho que eu li esse livro, mas tinha dúvidas se faria ou não um post falando sobre ele. Por fim, acabei resolvendo aproveitar o feriado da Páscoa para fazer a resenha.
 
O livro (esteticamente falando) também é lindo. Não sei se as fotos desse post fazem jus à beleza dele. Além da belíssima capa, as páginas têm um tom bege e as bordas enegrecidas. Um livro bonito por dentro e por fora.

Então, porque eu demorei tanto para falar dele aqui? Bom, eu prometo que não vou contar o final (estragaria a surpresa de quem não leu), mas o motivo principal de eu não ter indicado o livro antes é exatamente a sua conclusão. A Garota dos Pés de Vidro tem uma atmosfera envolvente e misteriosa, mas se você gosta de chegar ao final de um livro com as respostas para todas as perguntas que foram feitas nele, esse não é um livro que eu recomendo. E não é o caso de uma história que terá continuação (ainda não encontrei em nenhum lugar sobre a existência de uma continuação para a história). E essa merecia uma!

Quem decidir mergulhar nesse romance vai ler momentos muito fofos entre os protagonistas e vislumbrar lindas paisagens enquanto acompanha o drama de Ida em busca da cura para sua doença. É um livro de fácil leitura e que foi como tomar uma xícara de chá quentinho durante uma noite fria (acho que essa é a melhor maneira de explicar como me senti durante a leitura). Não gostei da conclusão, mas não me arrependo de ter lido.

Título Original: The Girl with glass feet
Autor: Ali Shaw
Tradução: Santiago Nazarian 
Páginas: 288
Editora: LeYa
Ano:2010