[Resenha] Um estudo em vermelho

"Eu estava obcecada. Passava 80% do meu tempo falando sobre Sherlock Holmes e John Watson e nos 20% restantes eu torcia para que alguém falasse deles, só para poder falar mais um pouco."

Pois é… Apesar de um pouco relutante em admitir, minha relação com esses dois personagens do Conan Doyle se assemelha muito com a obsessão de Cady Heron com Regina George no filme Meninas Malvadas (2004). Não gosto de ser esse tipo de fã, porque acabo me sentindo controlada pelo que eu gosto e não apenas apreciando a arte, mas com Sherlock e Watson, tem sido difícil resistir.

A consequência disso é que estou aqui mais uma vez não só relendo as histórias, como publicando a resenha. Vocês podem acessar as postagens com o box da editora Harper Collins Brasil acessando os links: Volume 1 | Volume 2 | Volume 3 | Volume 4. Entretanto, obviamente não vou usar a mesma edição dessa vez (mais uma consequência desse amor exagerado). Quando descobri sobre os livros publicados com a foto dos atores que interpretaram Sherlock e Watson na série da BBC, Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, na capa, claro que eu quis comprar todos. Mesmo já tendo todos… vocês entenderam. E outro diferencial é que estou relendo na ordem cronológica em que as histórias aconteceram.

Quem me inspirou essa releitura em ordem foi a Anne do blog Entulhando Ideias. Quem quiser ler a postagem e saber mais sobre a diferença entre a ordem de lançamento e cronologia dos fatos, acesse: Sherlock Holmes – Ordem de leitura.

Mas, chega de introdução e vamos à resenha!

[Sinopse] O sucesso da série “Sherlock” da BBC, apresentou o lendário detetive de Arthur Conan Doyle a uma nova geração de fãs. O episódio de estreia da série foi inspirado na primeira história de Sherlock Holmes, “Um Estudo em Vermelho”, e esta edição, com introdução do cocriador da série Steven Moffat, mostra aos fãs como tudo começou. “Um Estudo em Vermelho” é uma poderosa história de assassinato, suspense, pistas enigmáticas, rastros falsos e vingança. Aqui, o leitor irá conhecer os lendários personagens Sherlock Holmes, Dr. Watson e o agente Lestrade, quando eles se unem pela primeira vez para perseguir um misterioso assassino que perambula pelas ruas de Londres. (Fonte: Skoob)

Desde que eu conhecia série da BBC, imediatamente quis corrigir o fato de nunca ter lido sequer uma história do detetive na vida. Nesse livro temos a primeira aventura vivida e narrada por Dr. Watson contando como conheceu seu amigo, Sherlock Holmes, e o primeiro mistério que ele o viu desvendar. Alguns dos eventos aqui são bem parecidos com a série, mas a trama é ambientada na Inglaterra Vitoriana e, portanto, sem nada da tecnologia que temos hoje.

Em ‘Um estudo em vermelho’, temos um narrador extremamente surpreso com as habilidades de um homem que ninguém conseguia dizer no que trabalhava, depois um certo incômodo por acreditar que tudo não passava de um truque do detetive para enganá-lo e, por fim, seu fascínio pela inteligência do colega com quem passou a dividir o apartamento.

O livro começa com Dr. Watson, recém-dispensado do campo de batalha por conta de um ferimento e com sérias restrições financeiras, procurando um lugar mais em conta para morar e não precisar abandonar a cidade de Londres. Casualmente ele encontra Stamford, enfermeiro que no passado trabalhou sob seu comando no hospital, conta todos os seus infortúnios e comenta que está a procura de um lugar para morar. Stamford então revela que Dr. Watson é a segunda pessoa a abordá-lo naquele dia com o mesmo problema e o leva para conhecer quem havia questionado primeiro: Sherlock Holmes.

““Esse sujeito pode ser bastante esperto”, eu disse a mim mesmo, “mas certamente é muito convencido.” P.38

Os dois passam a dividir o apartamento 221B da Baker Street e depois de instalados, Dr. Watson se ocupa em observar o colega tentando compreender a ciência da dedução de Holmes. Provavelmente querendo mostrar suas técnicas em ação, ou apenas se exibir, o detetive convida o colega para acompanhá-lo a uma cena de crime e é aqui que o mistério se apresenta.

Um cadáver em uma casa vazia e uma palavra escrita na parede com sangue. É tudo que Holmes precisa para desvendar o mistério aparentemente indecifrável para os demais, incluindo a força policial que é quem requisita a sua ajuda. Adoro ver a mente do detetive trabalhar, mas como acompanhamos tudo através dos olhos do Dr. Watson, sempre haverá algo que não iremos ver.

“Existem poucas pessoas, no entanto, que ao saberem de um resultado, são capazes de tirar da própria mente quais as etapas que levaram a tal resultado. É a esse poder que me refiro quando falo de raciocinar de trás pra frente, ou analiticamente.” P.193

Só por isso aceito o fato de não conseguir desvendar tudo junto com o detetive, pois quando apresenta o mistério resolvido, Holmes deixa claro que estava tudo bem diante de nós desde o princípio. A verdade é que eu me identifico muito com a maneira de pensar do detetive. Queria ser tão assertiva quanto ele.

O livro é dividido em duas partes, e enquanto a primeira mostra a corrida atrás do criminoso, a segunda nos contextualiza sobre o passado dele e não é a primeira vez que deixo de sentir pena das vítimas depois de saber o que aconteceu. Um ardil tão cruel quanto aquele não poderia gerar nada de bom. Eu não uso ficção como única fonte de informação, porque sei o escritor deve ter a liberdade de escrever da maneira que bem entender, mas que o Doyle me deixou com um pouco de medo de um certo grupo religioso, a deixou…

“É um erro capital tecer teorias antes de ter todas as evidências à mão. Isso influencia nosso julgamento.” P.45

A escrita fluída do autor e as poucas páginas fazem a leitura voar e eu terminei já querendo o próximo. O trabalho que a Companhia Editora Nacional fez nessa edição ficou lindo, com orelhas enormes e desenhos ilustrando a parte interior da capa, contracapa e as folhas que dividem as partes 1 e 2 do livro. Ainda contamos com uma pequena introdução escrita por Steven Moffat, um dos criadores da série Sherlock da BBC e a minha edição também veio com um marcador de páginas.

Título original: Sherlock: A Study in scarlet

Autor: Sir Arthur Conan Doyle

Tradução: Michele de Aguiar Vartuli

Páginas: 200

Editora: Companhia Editora Nacional

Ano: 2013

Link do livro no Skoob: Um estudo em vermelho

Apesar de ser uma releitura, eu já havia esquecido muito do que li e acredito que isso vai continuar acontecendo com os outros romances e contos do detetive. Infelizmente eu não consegui completar a coleção desses livros com capa da série, então para alguns textos eu precisarei recorrer a minha versão da Harper Collins.

E vocês, já leram as aventuras de Sherlock Holmes narradas por Dr. Watson? (acho tão estranho chamar ele assim em vez de John como na série 😅💖).