[Resenha] Um pequeno gesto de gentileza

Eu tenho me divertido bastante intercalando romances mais fofos com mistérios policiais, mas dessa vez eu queria um clichê água com açúcar e recebi desde casal com crise no casamento, mãe idolatrando filho sem enxergar seus defeitos, viúva em luto até relacionamento abusivo com tanta “red flag” que parecia mais festa junina. Ainda assim, esse livro da coleção Romances de hoje da editora Arqueiro não decepcionou.

“Seu peito estava cada vez mais apertado. Que tipo de pessoa não tinha ninguém que sentisse sua falta?”

[Sinopse] Libby é uma mulher otimista e sonhadora que leva uma vida bastante sofisticada em Londres. Com a morte de seu sogro, ela e o marido decidem ir para o interior da Inglaterra, para ajudar sua sogra a cuidar do hotelzinho da família. É uma mudança e tanto na rotina dos dois, mas Libby logo fica animada para transformar a simples hospedagem em um hotel butique. Em pouco tempo, porém, ela percebe que esse projeto é muito mais estressante do que imaginava. Além disso, apesar de estar convivendo bem mais com o marido, ela nunca se sentiu tão sozinha. Um dia, ao testemunhar um atropelamento em frente ao hotel, Libby não faz ideia de que sua vida está prestes a mudar drasticamente de novo. Alice, a vítima do acidente, perde a memória e, como está sem telefone ou documentos, ninguém consegue saber sua origem. Enquanto ela não se recupera, Libby lhe oferece abrigo. De maneiras diferentes, as duas mulheres se veem em uma crise de identidade, e esse pequeno gesto de gentileza de Libby dá início a uma reação em cadeia de novos começos para elas e todos ao seu redor. (Fonte: Skoob)

Esse livro eu consegui aproveitando uma promoção da editora e comprei o e-book bem baratinho. No momento que estou escrevendo essa resenha, por exemplo, ele está custando menos de R$15. Tenho aproveitado muito essas promoções para comprar meus livros desejados. Cópias físicas ultimamente só em sebo ou quando é um exemplar que eu quero muito na estante.

“Foi fingir ser algo que não era que a deixou naquela situação.”

A história começa com Libby se esforçando para dar conta do hotel de sua sogra, Margaret, junto com seu marido Jason que tenta consolar a mãe após a morte do pai, Donald. A família tem mais um filho, Luke, mas o relacionamento deles nunca foi dos melhores e por isso o homem evita estar muito presente para não aborrecer a mãe.

Outro personagem muito presente é Lorde Bob, o basset hound da família que trabalha no grupo de terapia com animais no hospital de Longhampton, cidade fictícia onde se passa a história. Alice chega da forma mais inesperada possível, sofrendo um acidente em frente ao hotel. Se sentindo deslocada desde sua mudança de Londres para a pequena cidade, Libby, se sente motivada a ajudar a mulher e quando descobre que ela irá para um abrigo, a acolhe no hotel Swan.

 

“E amigos de verdade, — continuou ela. — Não são pessoas que clicaram no seu perfil e te adicionaram só para ter mais amigos.”

Os dias se seguem com vários conflitos por conta das obras de revitalização no hotel, a crise financeira e a falha de comunicação da família. Um pouco mais de honestidade entre eles teria evitado muitos problemas. Em meio a essa agitação, Alice tenta recuperar sua memória ao mesmo tempo que tenta ser útil para as pessoas que a acolheram tão bem. Assim como o acidente que levou até Libby, é por meio de um reconhecimento inesperado que suas lembranças começam a despertar.

“Outras pessoas tinham lembranças dela e ela não, Estava à deriva, existindo apenas em mentes alheias, não na dela.”

De todos os personagens, a que eu mais me identifiquei, por assim dizer, foi com Alice. Ela é animada, gosta de ajudar e adora cachorros. No entanto, viver o que ela viveu não quero nem de brincadeira. A medida que os encontros com as pessoas das quais ela pouco se lembrava foram acontecendo, eu tive a sensação de que havia algo muito ruim sendo escondido, e acertei na suspeita.

“Há algumas coisas que você não sabe sobre si mesmo até que outras pessoas lhe digam.”

A história é narrada em 3ª pessoa e tem sempre algo acontecendo. Se não fosse a lerdeza que estou tendo para ler ultimamente (não sei o motivo, acontece mesmo quando eu gosto da história), teria terminado na metade do tempo que levei para ler. Como disse no início, não era exatamente o que eu esperava, mas gostei bastante da leitura.

O único ponto negativo que me incomodou bastante foi o final. Apesar de ser fechado, e, o que não foi explicado no decorrer da história foi esclarecido aqui, o clímax deixa algumas questões que a gente precisa imaginar como serão resolvidas pela interação dos personagens. Sei que na vida real nem tudo tem um ponto final, e esse livro aqui é bem verossímil, mas o que aconteceu no desfecho teve consequências que não foram apresentadas.

“Era como se ele estivesse colocando toda a sua vida nas mãos dela, e aquela responsabilidade era paralisante.”

Um epílogo resolveria isso tranquilamente, mas a autora preferiu terminar com os recados que as protagonistas escreveram na Árvore da Gentileza, local no hospital onde as pessoas deixam agradecimentos a pessoas que as ajudaram, e mais uma sessão com vários recados de pessoas reais contando momentos de sua vida onde receberam ajuda de estranhos. Foi bonito de ler, mas eu queria saber o desfecho de dois personagens que estavam no ato final.

Eu recomendo esse livro para quem está procurando um romance com um pouco de drama. A dose está na medida sem deixar a gente muito angustiada, mas em comparação com “A pequena livraria dos sonhos”, outro livro que eu li dessa coleção, meu coração aqui ficou bem mais agitado.

Título Original: One Small Act of Kindness
Autora: Lucy Dillon
Tradução: Roberta Clapp
Páginas: 416
Editora: Arqueiro
Ano: 2022
Link do livro no Skoob: Um pequeno gesto de gentileza 

 

Vocês já conheciam esse livro? E a coleção da Arqueiro, já leram algum dos Romances de hoje?