agosto 24, 2023

[Resenha] As outras pessoas

Sinceramente não me lembro de quando comprei esse livro, só sei que foi por impulso depois que li ‘O Homem de Giz’ junto com ‘O que aconteceu com Annie’. O hype em volta da autora também ajudou bastante (às vezes penso se isso um dia acontecerá com as minhas histórias e se vai valer à pena) e ao mesmo tempo em que eu queria mais de CJ Tudor, acabei me decepcionando um pouco com a similaridade entre os dois livros. Por esse motivo atrasei a leitura deste, mas ‘As Outras pessoas’ acabou sendo uma surpresa muito bem vinda.

Ela era mais sortuda do que a maioria. Tinha emprego, casa e saúde. Mas não conseguia evitar o desejo de algo mais. O problema é que ela não sabia o quê. Talvez isso nem existisse. Dava para passar a existência inteira fugindo de uma vida e perseguindo outra.” Pag. 61

[Sinopse] Uma menina pálida em um quarto branco. Mãe e filha em fuga, numa corrida desenfreada e sem destino. Uma garçonete de beira de estrada aprisionada na monotonia dos seus dias. E um pai que perde esposa e filha de maneira brutal e sem explicação. As histórias que se entrelaçam em "As outras pessoas" são peças de mais um quebra-cabeça sombrio e cheio de mistérios criado pela escritora C. J. Tudor. Assim como uma encruzilhada depois da curva, as várias histórias dessa trama se sobrepõem quando menos se espera e de forma surpreendente. Porque mesmo uma garçonete desencantada e entediada pode guardar informações que ninguém imagina. As figuras mais isoladas e enigmáticas podem um dia se converter em grandes aliados. Os personagens à margem da sua vida podem ser mais relevantes do que parecem. (Leia a sinopse completa: Skoob).

A história começa com um pai desesperado para chegar em casa, pois está insatisfeito pela sua maneira ausente na vida da filha. Com a vontade de mudar essa situação ele decide se esforçar, mas pela sinopse já somos informados que não deu tempo. Sua filha e esposa são dadas como mortas, vítimas de um crime que a polícia não consegue solucionar, e ele passa a perambular pela estrada atrás do último vislumbre que teve da menina. O para-brisa traseiro de um carro de onde ela pede ajuda. Real ou imaginação? É o que vamos descobrir durante a leitura.

Parecia que durante todo o ano havia eventos criados para lembrar aos solitários quão solitários eram. Sem crianças com os olhos iluminados pelo brilho dos fogos. Sem parceiro para abraçar no frio do outono.” Pág. 27

Vários personagens surgem no desenrolar da trama, os principais são Fran, a mulher que foge com sua filha, Alice, de uma ameaça misteriosa, Gabe, o pai desesperado em busca de respostas e Katie, funcionária de um restaurante de beira de estrada por onde o homem passa frequentemente. Ela tem seus próprios problemas e demora um pouco até que ambos finalmente notem a presença um do outro.

Katie tem duas irmãs, que também tem papéis relevantes na trama, e sua mãe, alcoólatra e distante das filhas desde que uma tragédia afastou de vez a família. Do lado de Gabe temos os pais de Jenny, sua falecida esposa, e a detetive Maddock. Outra peça chave nessa história é o Samaritano. Figura enigmática que por muito tempo pouco sabemos dele.

Era fácil imaginar que outras pessoas viviam em contos de fadas, mas a verdade era que as portas bonitas, os vasos de flores e os gramados bem aparados não contavam a história toda.” Pág. 167

Me conectei com os personagens, apesar de não ter me identificado com nenhum, de forma que à medida que lia, fui ficando angustiada e torcendo para que tudo terminasse bem. A narração é em terceira pessoa e os capítulos se alternam entre os personagens principais até que suas vidas se cruzem mais para o final do livro. Eu gostei muito e confesso que é o recurso narrativo que me faz ler mais rápido só pela curiosidade em saber o que aconteceu com cada personagem em sua trama paralela.

De longe esse é o livro da CJ Tudor que eu li e mais gostei até agora. Estava pensando em parar de ler a autora, caso não gostasse tanto desse livro, mas ela me fisgou 🐟😁. Acredito que oportunamente lerei mais lançamentos dela. Um ponto a ressaltar é o pequeno teor sobrenatural que ela tenta conferir às histórias, e aqui não é diferente. O elemento entra nas tramas e parece servir apenas de ajuda a um personagem, quando tudo parece estar perdido, deixando a gente em dúvida se foi real ou imaginação. Eu sinto falta de uma explicação, porque é um assunto que me atrai, mas a ausência não prejudica a compreensão dos eventos.

Amenina teve um vislumbre do seu reflexo. Só que não era ela. Na verdade, não era um reflexo. Era uma garota, parecida com ela, alguns anos mais velha.” Pág. 25

Eu recomendo esse livro para quem gosta de mistério policial com busca por pessoa desaparecida e fuga do inimigo. A emoção aumenta à medida que o passado dos personagens vai sendo apresentado e quando descobrimos a intersecção da história é perfeito (acredito que gostei muito mais por ter descoberto várias das conexões antes delas terem sido expostas. Uma vez Sherlock, sempre Sherlock). O final é fechado, mas a ideia central que deu origem aos crimes pode ser trabalhada com outros personagens em outras situações de forma independente.
Título Original: The Other People
Autora: CJ Tudor
Tradução: Giu Alonso
Páginas: 304
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Link do livro no Skoob: As outras pessoas

Vocês já leram algum dos livros da CJ Tudor? Tem vontade de ler?
Não deixem de conferir as resenhas de ‘O Homem de Giz’ e ‘O que aconteceu com Annie’.

12 comentários:

  1. Oie, também acho bastante similar os livros em vários pontos, mas parece que tem um universo compartilhado aí (?). Apesar disso, gostei bastante desse livro.

    Bjs

    Imersão Literária

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    1. Eu ainda não consegui visualizar dessa forma, mas é bem possível sim.
      Beijos;

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  2. Eu nunca li nada dessa autora, mas tenho curiosidade. Acho que é um daqueles casos que eu leria se alguém me desse o livro de presente

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    1. Sei como é. Eu meio que acabei lendo a CJ assim também, ganhando os livros, apesar da trama chamar minha atenção.

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  3. Oi! Essa é a segunda resenha do livro que leio e estou bem curiosa sobre a história. Ia ler os livros dessa autora na ordem que foram lançados aqui, mas pelo visto, esse vai passar na frente. Que bom que gostou. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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    1. Eu gostei mais desse por conta de não tratar de adolescente e bullying, eu não gosto muito desse enredo. É gatilho demais pra mim. Mas quanto à escrita, os três livros estão no mesmo nível de qualidade. Impossível parar de ler.
      Beijos;

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  4. Da autora, lembro que li apenas Homem de Giz e gostei, mas não foi meu favorito. Os outros eu fiquei curiosa para ler na época, mas acabou caindo no esquecimento. Agoa com sua resenha, lembrei deles e acho que darei uma chance. =)
    Bjks!
    Mundinho da Hanna
    Pinterest | Instagram | Skoob


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    1. Como eu já tinha dois dela, acabei lendo mesmo não tendo favoritado o primeiro. Na verdade ganhei esse antes de ler os outros dois. Me comprometi a ler todos e finalmente um que curti bastante.
      Beijos;

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  5. Oi!
    Já vi muita gente falar bem do trabalho da autora, mas nunca tive muita curiosidade em ler os livros, até porque não sou muito leitora de mistérios policiais.

    Beijão
    https://deiumjeito.blogspot.com/

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    1. Entendo. Já eu recentemente descobri minha nova zona de conforto literária.
      Beijos;

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  6. Super sinistro esse livro! Eu amei mas achei o final meio acelerado.
    Estou tentando retomar meu cantinho como forma de tratamento - se possível, agradeço sua visita ;)
    bj e fk c Deus
    Nana - https://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com/

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    1. Sim, bastante! Também achei, mas acho que gosto disso, pois não fico sofrendo muito pelos personagens. Logo as coisas se resolvem.
      Escrever é uma terapia maravilhosa. Farei uma visita em breve.
      Beijos;
      Fica com Deus você também.

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