junho 20, 2012

[Conto] Aparência

Eu escrevi esse conto e publiquei pela primeira vem em 20 de outubro de 2011 no meu blog Universo Invisível. O pessoal que passou por lá aprovou, por isso resolvi publicá-lo aqui também. Caso queiram ler esse ou outro conto no blog é só acessar: Universo Invisível 
Espero que gostem,
Helaina
“Que péssimo”, ela praguejava em seus pensamentos. “Bem hoje eu tinha que ficar sem internet e acabar nesse infocentro”. Mariana achava ruim usar o infocentro comunitário porque as pessoas que frequentavam o lugar pareciam desconhecer completamente o significado da palavra comunitário e deixavam os computadores em péssimo estado de conservação.

As 20 máquinas estavam ocupadas e ela teve que esperar ao lado da porta da sala. Os computadores estavam dispostos sobre mesas longas. Quatro sobre cada mesa com cadeiras de plástico dispostas de frente a eles. Nas paredes da sala, cartazes com normas de uso, haviam sido colados, mas eram amplamente ignorados. Ela teve certeza disso quando um dos computadores finalmente foi desocupado. O garoto que o estava usando. Havia praticamente um ninho feito de papel de bala em volta do teclado. Mariana suspirou ao se sentar de frente à máquina e começou a juntar os papeizinhos os jogando na lixeira antes de começar a usar o computador.

Uma menina na máquina ao lado dela, que usava fones de ouvido com uma música alta tocando, sorriu em meio a um deboche enquanto estourava uma bolha de chiclete em frente ao rosto e colocava a goma de volta dentro da boca para continuar mastigando.

Antes de começar sua busca, Mariana checou seus e-mails. Depois passou a checar seu perfil em diversas redes sociais onde ela mantinha contas sempre atualizadas. Ela se distraiu e não percebeu a hora passando. Mariana distanciou seus olhos por um instante do monitor e se assustou ao perceber quanto tempo havia gasto e ainda nem tinha começado a pesquisa que havia ido fazer. A tarde havia se tornado noite, e os frequentadores do infocentro começaram a mudar.

Ela começou a ficar com medo. Ao seu lado não estava mais a menina mastigadora de chiclete, mas sim um homem cujo rosto ela não conseguia ver por causa do imenso capuz que compunha o seu agasalho que ele usava, mesmo com o calor que fazia.

Na fileira de computadores logo à sua frente, um homem alto de cabelos brancos despenteados, acessava uma página cheia de fotos de animais sendo torturados.

Mariana, definitivamente estava ficando assustada. Ela estava pensando em ir embora dali correndo. A gota d’água que a ajudou a tomar essa decisão foi a mulher ao seu lado olhando um site com fotos de rapazes seminus ou completamente despidos que pareciam ter metade da idade dela.

Ela sentiu um arrepio na espinha. Finalmente desistiu de fazer a pesquisa que havia ido fazer. Pegou suas coisas e foi embora.

***

Meia hora mais tarde, o homem que estava de casaco com capuz, pegou seus livros e foi para a aula. Mesmo com a febre causada pela gripe que o havia acometido, ele não perdia um só dia de aula. Era a sua chance de conseguir finalmente passar no vestibular.

O homem alto de cabelos brancos enviava e-mails freneticamente a todos os seus amigos e divulgava nas redes sociais informações sobre uma famosa grife de roupas que estava usando peles de animais em suas confecções.

A mulher continuava com os olhos no site que hospedava as fotos de rapazes nus. Ela havia recebido uma informação de que seu filho, que havia sido sequestrado há vários anos, estava sendo obrigado a se prostituir em outro país em troca de moradia e alimento. A polícia já tinha desistido de procurá-lo, mas ela nunca desistira.

Mariana chegou a sua casa. Não havia conseguido fazer a pesquisa que queria. Ela teria que descobrir sozinha, a melhor maneira para se livrar do cadáver de seu namorado.


"Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera aparência."

10 comentários:

  1. Ui, esse final acabou comigo ein. Eu comecei tendo uma imagem toda bonitinha da Mariana e uma imagem totalmente distorcida dos outros... quando no final... :O
    Adorei!

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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    1. Hahaha... foi a ideia que eu quis passar de como formamos imagens em nossas cabeças quando a realidade é totalmente diferente! ^^ Isso é bem perigoso na verdade!
      Que legal que você gostou!!

      Beijussss;

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  2. Oie...
    Adorei o conto!
    Esse texto nos faz pensar o quanto pensamos nas coisas erradas que os outros possam estar fazendo mais não para o que nos fizemos...
    Fiquei passada com a Mariana Carinha de anjo e do mal
    Agente já postou lá, quer ler? http://falleninme.blogspot.com/ desde já obrigada!
    Bj

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    1. Que legal que você gostou!!
      Pois é... eu queria escrever uma continuação pra ela... mas fiquei com medo!! Huahuahuahua

      Vou passar lá daqui a pouquinho!! ^^
      Beijussss;

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  3. Meu blog mudou de URL,agora é esse http://cofeeinparis.blogspot.com.br/
    Se puder passa lá!
    em breve também mudará o nome,beijos de Stephane
    concurso-http://cofeeinparis.blogspot.com.br/2012/06/concurso-draw-flor.html

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    1. Pode deixar que vou colocar o link novo na minha lista de "Sigo e Recomendo". Acho que no seguir do blogger muda automaticamente, mas mesmo assim ficarei de olho!!

      Beijusss;

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  4. Nossa, que final hein! Eu simplesmente adorei.
    É como você disse, é apenas aparência, e quem cria somos nós mesmos, se nos decepcionarmos depois, é porque não prestamos atenção no que as pessoas realmente são.

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    1. As primeiras impressões que temos dos outros, na maioria das vezes estão erradas, não é?!

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  5. Olá.
    Postagem citada no Portal Teia.
    Até mais

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