[Resenha] O Café da Praia

Eu não sou muito de ler romances (gatilhos demais pra uma forever alone desde antes da era Orkut… rsrs), mas às vezes fico com vontade de ler algo do gênero, e a coleção Romances de hoje da Editora Arqueiro foi um verdadeiro achado. Até queles livros pelos quais eu não me apaixono pela história, acabo gostando e se revelam um bom passatempo.

[Sinopse] Em uma praia paradisíaca, Evie Flynn tem a chance de começar do zero… Evie sempre foi a ovelha negra da família: sonhadora e impulsiva, o oposto das irmãs mais velhas bem-sucedidas. Tentou fazer carreira como atriz, fotógrafa e cantora, mas nada deu muito certo. Às vezes, ao pular de um trabalho para outro, ela tem a sensação de que lhe falta um propósito. Quando sua tia preferida morre em um acidente de carro, Evie recebe uma herança inesperada, um café na beira da praia na Cornualha. Empolgada com a oportunidade de mudar de vida, ela decide se mudar para lá, mas logo descobre que nem tudo são flores: os funcionários não são dos melhores e o local está caindo aos pedaços. Tudo bem diferente dos tempos em que passava as férias de verão com a tia. (Leia sinopse completa: Skoob)

O livro começa com a protagonista no salão de cabeleireiro narrando o dia em que suas irmãs gêmeas, Ruth e Louise, foram convidadas em tom de brincadeira pela mãe, para escolher o nome da caçula. Um dos nomes escolhidos foi Ovelhinha Negra, e ela atribuiu a duas possibilidades, seus cabelos escuros e encaracolados e o fato de se considerar um fracasso no auge de seus 32 anos comparada com as irmãs.

“Sou tão boa quanto você, Ruth, eu dissera diante do espelho naquela noite, mas não era. E, nesse ritmo, nunca seria. Dei um suspiro e comi minha comida, sem sentir gosto de nada.”

Enquanto devaneia sobre a questão e pensa na resposta que dará à cabeleireira sobre o corte de cabelo que vai querer, a mulher sugere uma mudança drástica no penteado, ela recebe uma ligação da mãe avisando que sua tia Jo acabou de falecer. A notícia deixa Evie em choque e vocês podem imaginar o que aconteceu com o cabelo dela.

A protagonista tinha um carinho especial pela tia, tão sonhadora quanto ela, apesar de não manter contato com ela há algum tempo. O fato de ter herdado o café que Jo gerenciava a pega de surpresa e aos poucos percebemos que a família já havia decidido o que Evie deveria fazer, mas a lembrança de tudo o que a tia representou na vida dela, a faz querer tomar sozinha a decisão final.

Evie é a típica pessoa que se acostumou à zona de desconforto e apesar de querer mudanças em sua vida, a falta de autoestima a faz ficar exatamente onde está. Apesar de ser fácil apontar para a protagonista e dizer que ela está com medo, enquanto lemos vamos percebendo o quanto ela foi reprimida a vida inteira para caber no ideal que a família projetou para si. Alguém que se olha no espelho e por algum motivo se acha inferior e incapaz de algo, aprendeu a ser assim, foi condicionada, não é apenas uma questão de: “supere seu medo.”

“Minha vida estava em constante mudança nos últimos meses. Era exaustivo.”

Ninguém parece interessado em mudar isso. Sua família e seu namorado, Matthew, não tem vergonha de tratá-la quase como se fosse uma adolescente, incapaz de se cuidar sozinha, e ainda acham que estão ajudando com esse comportamento. Por sorte, Evie tem uma amiga, Amber, que não só incentiva a mudança, já que ela mesma não abriu mão dos dela e segue almejando a carreira de atriz enquanto trabalha em uma loja, como ajuda Evie a começar.

O desafio da protagonista começa, e essa é a maior parte do livro, quando ela se vê sozinha em uma cidade pequena com muita fofoca, pessoas avessas à presença de novos moradores que ameacem a tranquilidade de seu pequeno paraíso à beira mar e afastada da vida das pessoas que conhecia em Oxford. Nem mesmo os funcionários do café que ela herdou da tia, que deveriam querer manter seus empregos, parecem fazer muita questão de agradar a nova chefe. Mas Evie está disposta a agarrar a oportunidade de finalmente conquistar a vida que tanto deseja.

“Ainda não está na hora de desistir. Eu continuaria a repetir isso para mim mesma até finalmente acreditar.”

Apesar do grande número de páginas (sorte eu ter lido em e-book, pois facilita por conta do peso), a leitura fluiu bem rápida e a narração em primeira pessoa faz a gente acompanhar tudo pelos olhos de Evie. Não sei se confio em tudo o que ela contou, pois a falta de autoestima dessa mulher é enorme e atrapalha muito sua forma de ver o mundo, ainda mais quando acontecem coisas gravíssimas, como assédio moral e sexual no trabalho, e ninguém parece ligar muito para o fato. Nem mesmo a agência de empregos que não vê com bons olhos o fato dela se sentir incomodada.

Vocês devem ter reparado que, além do namorado de Evie, não falei sobre romance até aqui. Sim, os pais dela e as irmãs são casadas, tem filhos, e levam vidas aparentemente tranquilas e felizes. A questão é que esse livro não focou em relacionamento romântico o que em momento algum achei ruim. Por isso, eu recomendo O Café na praia mais para quem está em busca de uma história que fala sobre uma mulher adulta em busca da felicidade do que sobre a história de amor de um casal. Mas para quem estiver em busca de romance, aqui tem, só não é o foco principal.

Título Original: The Beach Cafe
Autora: Lucy Diamond
Tradução: Vera Ribeiro
Páginas: 429
Editora: Arqueiro
Ano: 2019
Link do livro no Skoob: O Café da praia

Vocês já conheciam esse livro? E a coleção da Arqueiro, já leram algum dos Romances de hoje?