maio 25, 2023

[Resenha] O Jardim Secreto

Mais um título que eu já tinha ouvido falar, mas nunca tive a oportunidade de ler (eternamente nas minhas listas de futuras leituras) e nem assistir ao filme. Um dia, na livraria com minha mãe encontrei esse livro em promoção, menos de R$20, pedi para ela e levei pra casa. Agora para ficar esperando na estante 😬. Finalmente resolvi ler e, apesar de fora da minha zona de conforto, foi uma leitura confortável daquelas de deixar a gente com o coração quentinho.

Minha mãe sempre diz que as duas piores coisas que podem acontecer com uma criança é nunca fazer as coisas do jeito dela… ou fazer tudo do jeito dela.” Pág. 171

[Sinopse] Considerada uma das principais obras da literatura inglesa, O Jardim Secreto não é um livro comum. Mary, a protagonista, está longe de ser uma garotinha doce dos romances infantis. Criada sem amor, é mimada e muito mal-humorada. O primo não se saiu diferente. Juntos, embarcam numa jornada de autoconhecimento após Mary destrancar uma importante porta. É uma história mágica, escrita em 1911, sobre a cura de duas crianças feridas que descobrem o poder da natureza e dos pensamentos positivos. (Fonte: Skoob).

A história começa com Mary Lennox, uma das protagonistas, abandonada na Índia, país onde vive com os pais, depois que uma epidemia a deixa órfã. A questão é que a pequena menina sempre foi órfã, já que o casal pouco se importava com a filha, não tinha qualquer conexão emocional com a menina e a deixavam sempre por conta dos empregados que apenas faziam suas vontades. O estado de abandono dela era tão grande que Mary ficou esquecida na casa, depois que todos morreram ou foram embora, e foi encontrada por acaso e enviada para morar com um tio, Archibald Craven.

Outros personagens que se juntam à história: a senhora Medlock, governanta da Mansão Misselthwait e responsável por receber Mary em Londres e acompanhá-la até a residência de Craven em Yorkshire. Susan Sowerby mãe de Martha, criada da mansão e de Dickon, jovem com habilidades especiais com as plantas e os animais aos olhos de Mary, Ben Weatherstaff, um dos jardineiros, todos com sotaque característico do interior da região, algo que fica bem claro na maneira deles falarem. O pintarroxo, um passarinho muito esperto por quem a menina se encanta. E o último a aparecer é Colin Craven, outra criança também criada com o “tudo o que precisa”, menos o amor. Ainda há alguns personagens secundários, mas esses aparecem muito pouco.

Apesar de o pai quase nunca estar por perto, dava-lhe todos os tipos de coisas maravilhosas para entretê-lo, mas ele nunca parecia estar se divertindo.” Pág. 122

Não consigo dizer que me identifiquei com nenhum deles, mas li com um aperto no coração a maneira como a maioria se comporta, principalmente as crianças. As situações de abandono emocional aqui são extremas, e a reação dos adultos é achar que uma bronca ou até uma surra é o que consertaria o mau comportamento, quando na verdade falta amor na vida de todos eles para ter um pouco mais de empatia com a dor do próximo. Apenas a família Sowerby, onde as posses são poucas o amor tem de sobra, mas a riqueza aqui não é o problema e sim a dificuldade das pessoas em lidar com os próprios sentimentos. Os adultos não conseguem, preferem manter aparências ou optam pela fuga, e as crianças não tem ninguém para ensiná-las.

O livro é narrado em 3ª pessoas e enquanto lia, fiquei com receio que houvesse algum drama muito doloroso, mas a história flui de uma maneira constante e, apesar da aflição que senti pelas crianças emocionalmente abandonadas ter permanecido o tempo todo, a trama vai construindo a cura pouco a pouco.

Mesmo fora da minha zona de conforto eu adorei conhecer a história da “Dona Mary” e seus novos amigos. Eu recomendo esse livro para todas as pessoas que convivem com pessoas, pois depois que passei a observar mais antes de criticar, percebi o quanto é usual na nossa sociedade ignorar nossas experiências, nossos sentimentos, ao invés de aprender a lidar com eles. Aquela história de que todo mundo está em uma batalha interna que nunca iremos conhecer é verdade e algumas pessoas estão no meio de batalhas pessoais que nem elas mesmas conhecem. Quantas reações minha, que eu achava desproporcionais, eram apenas meu sistema nervoso tentando me proteger de traumas do meu passado… Se conhecer e ser gentil são ferramentas poderosas.

Viver daquele jeito, sozinha em uma casa com cem quartos misteriosamente fechados, sem nada para fazer ou com quem se entreter, obrigara seu cérebro inativo a trabalhar, e sua imaginação estava realmente começando a despertar.” Pág. 68

Título Original: The Secret Garden
Autora: Frances Hodgson Burnett
Tradução: Maria Beatriz Bobadilha
Páginas: 272
Editora: Lafonte
Ano: 2020
Link do livro no Skoob: O Jardim Secreto


Já conheciam ‘O Jardim Secreto’? Pelo livro ou pelo filme?

22 comentários:

  1. Oi!
    O Jardim Secreto só conheço por nome mesmo, e devo priorizar um dia ver o filme primeiro, pois é assim que funciona a minha relação com livros clássicos hahaha

    Beijão
    https://deiumjeito.blogspot.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu passei um bom tempo só conhecendo de nome também, agora finalmente li!
      Espero que você goste do filem e se anime em ler!
      Beijos;

      Excluir
  2. Olá,
    Nossa, eu peguei certo ranço da adaptação mais famosinha lá que vivia passando na tv nos anos 90. Minhas primas era obcecadas e enchiam o saco. HAHAHA
    Mas depois que descobri que tinha livro, eu fiquei curiosa pra conhecer - e será uma experiência melhor, pelo visto, hoje sei nomear estes sentimentos então capaz de me identificar em partes e criar empatia.

    acho que peguei um e-book dele no meio daqueles gratuitos da quarentena, não lembro. haha

    até mais,
    Canto Cultzíneo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Nana, te entendo. Também sou assim quando alguém fia obcecado com um filme/série e eu acabo assistindo várias vezes sem vontade.
      Foi uma experiência maravilhosa. Talvez agora eu procure o filme.
      Até mais;

      Excluir
  3. Nunca li o livro mas conheço a história desde nova e adoro!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

    ResponderExcluir
  4. OI! Até pouco tempo atrás eu conhecia a história só pelo filme e quando li, acabei gostando mais ainda. É uma história que me deixa bem comovida e sei que vou ler mais vezes. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É realmente uma história muito bonita. Agora me falta assistir o filme.
      Beijos;

      Excluir
  5. Essa história é maravilhosa! Vi o filme quando criança e alguns trechos ficaram marcados na minha memória, assim como a vontade de ler o livro. Há alguns anos, encontrei uma edição bem bonitinha e resolvi comprar. A leitura foi super deliciosa, um clássico infantil!
    Muito bom ver você falando dele.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu só tinha ouvido falar do filme, ainda não tive a oportunidade de assistir. Depois de ler o livro fiquei com ainda mais vontade.

      Excluir
  6. Nossa eu amooo o filme, é um dos meus preferidos ♥
    Cresci assistindo!!
    O livro nunca li, mas nossa fiquei com vontade de rever o filme agora hehe.

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu fiquei com muita vontade de assistir o filme depois de ler o livro!

      Excluir
  7. Oi
    eu gostava do filme de 1993 e da animação, fui ler o livro o ano passado e gostei muito da leitura e olha que não esperava gostar tanto, uma boa leitura que indico para todos. Que bom que gostou da leitura.

    https://momentocrivelli.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  8. Parece ser uma leitura fabulosa e incrível!

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

    ResponderExcluir
  9. Nossa, que nostalgia gostosa! Eu vi a animação desse livro quando era criança e revi na pré adolescência. Lembro que tinha um filme, mas só assisti uma vez, então lembro muito pouco, só lembro que gostei. Acho que esse livro tá perdido no meu tablet, mas nunca parei pra ler, não sei porquê. Excelente resenha!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu sempre ouvi falar do filme, mas nunca consegui assistir. Agora fiquei com mais vontade ainda. Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado.

      Excluir
  10. Oie, eu jurava que essa seria uma leitura difícil, mas li e me apaixonei, fiquei apreensiva também com a situação das crianças. Outra coisa que me incomodou foram os comentários racistas constantes da época.

    Bjs

    Imersão Literária

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu fiquei com esse receio também, mas acabou sendo bem confortável. Ah, isso é verdade. Acho que nas próximas edições eles bem que poderiam colocar o aviso contextualizado sobre o racismo presente aqui. Não concordo com a ideia de mudar o texto original, apagar o passado não vai fazer ele deixar de existir. Precisamos dele como exemplo pra não errar novamente.

      Excluir

Agradeço muito a sua visita! Deixe um comentário!

- Atenção: Ao comentar você concorda com as políticas de comentários do blog.
Saiba mais: Políticas de Comentários.

Todos os comentários são revisados antes da publicação.
Obs: Os comentários não publicados pela autora não refletem a opinião do blog.