fevereiro 23, 2023

[Resenha] A Pequena loja de venenos

Não tenho o costume de escolher o livro pela capa, mas essa capa me escolheu. Passei por ela na estante da livraria e não consegui ignorar. A sinopse foi o golpe final para me fazer decidir ler e não me arrependi, muito pelo contrário. Assim como foi com o livro (O canto mais escuro da floresta - HollyBlack), mais uma vez eu começo o ano com uma leitura maravilhosa que entra para a lista dos favoritos.

As verdades mais duras nunca pairam na superfície.” Pág. 305

[Sinopse] Com um suspense palpitante, duas linhas do tempo e personagens inesquecíveis, A pequena loja de venenos é uma ficção histórica estonteante sobre segredos, sonhos e as formas extraordinárias com que as mulheres podem salvar umas às outras apesar da barreira do tempo. No século XVIII, a Londres vitoriana escondia uma pequena botica que atendia a uma clientela peculiar. Nella, uma curandeira respeitada no passado, vendia venenos a mulheres que precisavam se livrar dos homens ameaçadores de suas vidas. Porém, quando uma garotinha de doze anos entrou no caminho da boticária, o futuro de seu trabalho foi posto em risco. As consequências desse encontro ecoam através do tempo e chegam até aos dias atuais, reverberando em Caroline Parcewell, uma aspirante a historiadora cuja vida está de ponta cabeça. (Leia sinopse completa: Skoob)

O livro começa com o relato de Nella em sua loja de venenos num beco escondido de Londres em 1791 enquanto prepara mais um pedido como tantos que já havia passado por suas mãos. Um recurso extremo para mulheres em busca de uma forma de se livrar de um tormento causado por um homem. A boticária não prepara tinturas para serem usadas contra mulheres.

Já no segundo capítulo, conhecemos Caroline, uma mulher dos dias atuais (sem data definida), sozinha em Londres no que era para ser a comemoração de seu décimo aniversário de casamento. Sem saber o que fazer em relação ao próprio futuro, tanto no relacionamento com o marido quanto os outros aspectos da sua vida, ela entra em uma aventura através de um pequeno artefato encontrado às margens do Tâmisa.

Mas estava cansada de fazer a coisa certa, cansada de escolher o caminho prático, responsável e sem riscos.” Pág. 166

Mais adiante conhecemos Eliza, também de 1791 e, a mais jovem das 3 personagens, que adiciona uma boa dose de tensão à história por conta de sua imaturidade e inocência dentro do cenário onde ela vive. Assim segue a história alternando entre os capítulos com a visão de cada personagem, todos em primeira pessoa, mas sempre interconectadas apesar dos séculos de distância.

AMEI é pouco pra definir o que eu sinto sobre esse livro. Gostei muito das personagens da longínqua Londres de 1791 (tudo acontece durante apenas um mês, fevereiro) e de como a vida delas se conectou e mudou de uma hora para a outra de uma forma inesperada. Senti um pouco de culpa em torcer por Nella, a boticária assassina, mas a mulher é cativante e passa a impressão de que não está fazendo nada de mal livrando o mundo de homens que não valem o ar que respiram (gente, justiça com as próprias mãos não pode 👀).

E por mais terrível que minha história seja, todas as mulheres enfrentam a maldade de um homem em algum nível.” Pág. 143

Entretanto, o que me fez amar esse livro foi Caroline. A história dela poderia tranquilamente ser a minha, obviamente tirando o fato que ela já teve pelo menos um relacionamento amoroso e eu 😭😭😭. (Sim, talvez seja melhor não ter nenhum do que ter um péssimo que estraga a sua vida, mas passar a vida toda vivendo romances apenas na imaginação também não presta não gente).

Uma mulher de 34 anos no meio da provável maior crise de sua vida tentando decidir o rumo que quer seguir dali a diante. Ela se casou logo que saiu da faculdade, aceitou o emprego para gerenciar as finanças das fazendas dos pais enquanto o marido fazia sua carreira no mundo coorporativo, tinham uma boa casa para morar e planejavam, a longo prazo, ter um bebê. Quando a gente se vê representada nesse nível é assustador e ao mesmo tempo maravilhoso. Eu devorei as páginas enquanto torcia, aqui sem culpa, por Caroline.

Sendo sincera, eu me perguntava se querer um bebê tinha sido um caminho subconsciente de mascarar a verdade: de que nem tudo na minha vida tinha sido como eu imaginava e que eu não vivia à altura do meu potencial. E, pior de tudo, tinha medo de sequer tentar.” Pág.155

Esse livro também mexeu forte com minhas emoções. Fiquei muito angustiada por uma das protagonistas ter sua primeira menstruação e ficar aterrorizada por não saber do que se tratava. Acho que isso não teria mexido tanto comigo se não fosse o fato de hoje em dia eu ainda ver pessoas adultas evitando falar a palavra ‘menstruação’. Já passou muito da hora de falar sobre isso abertamente, né não?

Outro sentimento que A pequena loja de venenos me inspirou foi uma raiva tão grande em relação às atitudes de um personagem masculino da história que eu precisei parar a leitura por uns dias. Quase me arrependi de ter começado a ler quando descobri o que ele fez e ainda tentou jogar a culpa pra cima da mulher (!!!) Passei boa parte da madrugada pensando: “Não acredito que ele fez isso. Ele não pode ter chegado a esse ponto e ainda querer ter razão. Não pode”. Voltei a ler o mais rápido que consegui para saber o fim da trama e confesso que fiquei satisfeita. Com o final das três protagonistas.

Eu era corajosa com algumas coisas, sim, e venenos não me assustavam. Mas espíritos soltos e raivosos me apavoravam.” Pág. 79

O ritmo da leitura é muito fluido e, acho que é característica de livros com mais de uma história se intercalando, sempre que eu terminava de ler um capítulo de determinada personagem já queria a continuação, mas então vinha um capítulo com outra que me fazia querer a continuação também. Nessa troca a leitura foi rápida, bem prazerosa e nada confusa. Além disso, o clima tenso para descobrir o que vai acontecer com Nella e Eliza em 1791 e qual será a decisão de Caroline aguça ainda mais a curiosidade.

Ao final do livro temos a breve descrição de alguns dos venenos e seus efeitos, uma nota histórica sobre a morte por envenenamento e três receitinhas inofensivas. Se você gosta de mistérios, mulheres empoderada e Londres como cenário, eu recomendo muito A pequena loja de venenos.

Primeiro vem a confiança. Depois a traição. Não se pode ter uma sem a outra. Não se pode ser traído por alguém em quem não se confia.” Pág. 138

Título Original: The lost apothecary
Autora: Sarah Penner
Tradução: Isabella Pacheco
Páginas: 318
Editora: Harper Collins Brasil
Ano: 2022
Link do livro no Skoob: A pequena loja de venenos

E aí, já conheciam o livro? Consegui convencer alguém a ler com essa minha resenha apaixonada? 😍😂

16 comentários:

  1. A capa é realmente linda e a sinopse me atraiu também. Vou ficar de olho nele!

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    1. Se tiver a oportunidade de ler, espero que goste tanto quanto eu gostei! :)

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  2. Sua resenha me deixou com vontade de ler esse livro. Parece que tem muitas reviravoltas e é um bom suspense. Eu leria esse livro.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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    1. Que bom que gostou da resenha! Espero que você goste do livro também!
      Boa semana!

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  3. Já tinha ouvindo falar sobre este livro, mas não tinha despertado minha curiosidade. Porém, ler sua resenha me fez querer dar uma chance para o livro no futuro.


    Blog Profano Feminino

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    1. Eu o comprei sem muita pretensão, mas acabou sendo uma ótima leitura!

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  4. Oi! Eu não consegui ler esse livro ano passado, mas deste ano não passa. Eu acho a premissa dele muito interessante e tenho a impressão que há personagens fortes na trama. E a capa é mesmo maravilhosa. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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    1. Olha, mexeu mesmo com as minhas emoções. Valeu muito a leitura!

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  5. hello!
    The book sounds interesting, I hope I can read it :)
    I really like your post, it's very inspiring.
    Greetings from Poland!

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    1. Hi, I hope you get the chance to read it and enjoy!
      I'm glad you liked it!

      Greetings from Brazil!

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  6. Oi, Helaina. Como vai? Eu já li este livro e gostei bastante dele. Que bom que você também tenha gostado. A capa é linda demais, né? Sua resenha está maravilhosa, viu. Abraço!



    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    1. Oi Luciano, eu vou bem, e você?
      É um livro realmente incrível! Sim, a capa é um atrativo a mais.
      Fico muito feliz que tenha gostado! Obrigada! :D

      Abraço;

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  7. Olá,
    Amei a premissa desse livro e várias outras coisas bateram com meu gostinho.
    E já me identifiquei com a moça sem relacionamento nenhum, eu msm - e realmente, se for pra ter ruim, melhor nenhum. hahaha
    E essas receitas de veneno aí, vc vai tentar? =x

    até mais,
    Canto Cultzíneo

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    1. Espero que você tenha a oportunidade de ler e goste tanto quanto eu gostei!
      A moça sem relacionamento nenhum no caso sou eu, a do livro é casada.. hahaha
      Dos venenos é só um breve comentário de seus efeitos, as receitas são de comida normal mesmo. Mas não, não pretendo tentar. Não é minha área.

      Até mais;

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  8. Rasgue a primeira página quem nunca comprou um livro pela capa. A diferença entre nós é que todas as vezes que fiz isso me arrependi amargamente kkkkk. Sua sinopse sobre a boticária me fez lembrar um caso criminal real de uma mulher que fazia a mesma coisa. Achei interessantíssimo e fiquei curiosa sobre o livro (mais um pra minha lista interminável), às vezes queria viver pra sempre só pra poder ler tudo no mundo. Você não está sozinha, Laine, eu também passo a vida inteira só vivendo de romance literário, te entendo, mas já perdi a esperança de achar um romance real, sou uma frigideira kkkkkk. Desejo melhor sorte pra ti. Amei a sua resenha, me deixou com vontade de ler esse livro, vou procurar. Abração!

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    1. É por isso que depois da capa eu vou pra sinopse. É por ela que acontece minha decisão final. No final do livro a autora fala um pouco a respeito desse tipo de crime. Ah, eu não consigo perder a esperança... acaba sendo um pouco ruim. Obrigada. Fico feliz que tenha gostado!

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