outubro 31, 2015

[Hoje é dia] 31 de Outubro - Halloween!

É Halloween!
Espero que vocês estejam tendo um dia Spooktacular!! Hahaha...
Para marcar o dia, hoje trouxe para vocês um trecho do meu poema preferido! The Raven, de Edgar Allan Poe na tradução feita por Machado de Assis.
"The Raven ("O Corvo") é um poema do escritor e poeta norte-americano Edgar Allan Poe. Ele foi publicado pela primeira vez em 29 de Janeiro de 1845, no New York Evening Mirror. É um poema notável por sua musicalidade, língua estilizada e atmosfera sobrenatural provenientes tanto da métrica exata, permeada de rimas internas e jogos fonéticos, quanto do talento singular de Poe, um dos maiores expoentes tanto do romantismo quanto da própria literatura americana." Fonte: Wikipédia

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

Fantástico, não? E assustador! Por isso amo esse poema!!
Esse foi só um trecho dele. Para ler a versão completa acessem: O Corvo (tradução de Machado de Assis). E para ler a versão em inglês acessem: The Raven - Edgar Allan Poe. Ele fez parte do primeiro episódio especial de Halloween dos Simpsons, The Tree House of Horror (S2E3). Confiram o vídeo no Youtube: assistir.

Nevermore

6 comentários:

  1. Hey Helaina!
    Halloween!! E eu nem saí para ir para festa nem nada!
    Mas que poema foi esse O.O Já li contos desse autor e realmente O.O
    Adorei sua postagem especial <333
    Minina, eu não assisto nada de Netflix e nem tenho conta lá heheheh eu assisto pela net ou baixo pelo torrent sabe? rsrs Mas Demolidor tem lá também....
    opa, se assistir me conte o que achou hehehehe
    Um beijo!
    Pâm - www.interruptedreamer.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi! Pâm! ^^
      Tudo bem?
      Eu também não. Meu curso de inglês só faz festa pras crianças... :(
      Ótimo, não é!
      Fico feliz que você tenha gostado!!
      Eu nem conta tenho. Acabo baixando também só que não por torrent.
      Pode deixar! Acho meio difícil com a quantidade de séries atrasadas já, mas vou tentar!

      Beijusss;

      Excluir
  2. Olá! Adoooro poesias, não conhecia essa, mas achei bem aterrorizante! hahahah
    Amo livros de terror, é um dos gêneros que mais leio, mas acredita que nunca li um livro de Edgar Allan Poe? Mas pretendo ler algo ainda esse ano!
    Beijo!
    http://booksmanybooks.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi! ^^
      Eu gosto dela exatamente por conta disso! Hahahaha...
      Estamos juntas então porque eu também amo o gênero e nunca li nada dele além desse poema.
      Quero fazer isso também, mas vai ficar para o ano que vem.

      Beijusss;

      Excluir
  3. Uau, que poema. Tão mórbido e perfeito para o Halloween, pena que só vim ler hoje! Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo? Como já é de madrugada e eu sou bem medrosa, vou deixar para lê-lo na íntegra de dia hahahhaha Beijinhos, Beatriz.

    www.odiariodeumaescritorainiciante.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi! ^^
      Ah, sei como é. Eu costumo ver coisas de terror perto da hora de dormir e tenho problemas depois.
      Eu recomendo muito assistir o vídeo dos Simpsons que eu deixei o link. Ele é terror, mas é engraçado, como eles sempre são. Vale à pena pela interpretação do Homer recitando o poema!

      Beijusss;

      Excluir

Agradeço muito a sua visita! Deixe um comentário!

- Atenção: Ao comentar você concorda com as políticas de comentários do blog.
Saiba mais: Políticas de Comentários.

Todos os comentários são revisados antes da publicação.
Obs: Os comentários não publicados pela autora não refletem a opinião do blog.