[Resenha] Estrela da Manhã

Comprei esse livro por impulso numa feira literária porque gostei da sinopse e estava custando apenas R$10. Entretanto, demorou bastante até que Estrela da Manhã saísse da minha lista de livros para ler, mas não vou dizer que queria ter lido antes, porque talvez não aproveitasse tanto quanto agora. A distância segura que estou da escola, com o ensino médio concluído em 2001, me dá tranquilidade para ler sobre uma realidade às vezes cruel à qual não irei mais pertencer.

Sinopse: Rafael, um menino frágil e sensível, sofre a perseguição de um grupo de valentões na escola. Em casa, não encontra apoio da mãe relapsa, nem do irmão mais velho. Perdido, tenta encontrar na internet, através da tela de seu smartphone, tutoriais de rituais para reencontrar seu pai morto. Ele acredita que somente algo vindo do além poderá ajudá-lo. O menino é tão persistente que finalmente sua voz é ouvida do outro lado. No entanto, quem responde ao seu chamado não é o pai, mas uma entidade que promete protegê-lo de seus detratores durante sete dias. Rafael só quer ser protegido, por isso entrega à entidade a lista com os nomes dos que o aborreceram. Só quando a primeira pessoa de sua lista morre ele descobre que seu pesadelo está apenas começando. (Fonte: Skoob)

Esse é daqueles livros onde a ação não demora para começar e com poucos capítulos já estamos tal qual espectadores de filme de terror vendo o protagonista evocando poderes os quais sabemos que ele não será capaz de controlar. Na verdade, a cena de abertura já deixa os mais sensíveis com receio de ler à noite.

“O normal para um menino de onze anos, talvez em qualquer idade, seria estar paralisado de medo diante de um copo ‘fantasma’ que deslizava sobre a mesa, mas Rafael tinha outros medos para se preocupar, e o copo dançarino estava mais próximo da ponta da solução do que do problema.” Pág.8

Rafael é um menino de 11 anos que sente a falta do pai principalmente quando o assunto é se defender do valentão da escola, Fábio Eduardo, apelidado de Maguila. Ele não é solitário e tem em sua melhor amiga Renata todo apoio que uma criança pode dar. A menina até tem ideias boas para lidar com a violência sofrida por Rafael, como entrar em contato com o Conselho Tutelar, já que a professora e a diretora, assim como a própria mãe de Rafael não tem sido de grande ajuda. Beatriz, mãe de Fábio, é apresentada como uma mulher rica e com grande influência sobre a comunidade escolar, que prefere fechar os olhos para o problema de agressividade do filho.

A narrativa em terceira pessoa é fluida e os acontecimentos não demoram a ficar cada vez mais complicados e perigosos. Com capítulos curtos, li mais de um por vez tamanha era ansiedade para saber o que aconteceria depois. A primeira parte da história me lembrou um filme de assombração de sessão da parte, já quando a criatura começa a executar seu serviço a coisa ficou bem pesada e acho que seria tranquilamente classificado como terror +16. A sensação que tive foi de ler uma mistura exótica entre ‘Esqueceram de Mim’ e ‘Sobrenatural’ e gostei muito!

Um ponto importante para se ressaltar sobre o tema desse livro, algo que fiz também na resenha que deixei no Skoob, é lembrar que bullying e agressão física são duas coisas distintas. Infelizmente a sociedade parece fechar os olhos para um crime quando a vítima é uma criança ou adolescente em ambiente escolar. Acredito que isso aconteça porque muitos passaram por esse tipo de violência, sem obter auxílio adequado e creem não terem sido afetados. Se a escola não oferece apoio, como no caso de Rafael que é agredido seriamente com frequência, outros meios, como o Conselho Tutelar precisa ser acionado.

Acho que esse livro daria uma excelente adaptação para o cinema, ou talvez uma minissérie que parece estar mais em alta ultimamente. Me envolvi bastante com a história e desde o princípio torci pelo protagonista, mesmo quando sabia que suas ações dariam origem a resultados desastrosos, mas para a maturidade de um menino de 11 anos, não poderia esperar algo diferente.

A leitura só não me agradou por completo, pois em algumas partes senti que faltou emoção aos personagens. Houve uma frieza inesperada em alguns momentos, não condizentes com o que estava acontecendo. Além disso, não gostei muito do desfecho. Até esperava algo do tipo, mas achei que o autor não faria o que fez. Estrela da Manhã parece aquelas histórias de origem de personagem, mas não sei se André Vianco tem outro trabalho no mesmo universo dessa história em seu repertório.

Recomendo esse livro para quem gosta de um terror que é tensão do início ao fim. Estrela da Manhã tem um toque sessão da tarde com pré-adolescentes arrumando problemas que crescem até sair do controle, mas é uma história que jamais seria exibida nesse horário.

Título: Estrela da Manhã – 7 Dias 7 Nomes 7 Mortes

Autor: André Vianco

Páginas: 280

Editora: Calíope

Ano: 2015

Link do livro no Skoob: Estrela da Manhã

Já conheciam esse livro? E o autor? Já leram algum livro dele? Ficaram com vontade de ler?

P.S.: Sim, eu também fico com um pouco de medo dessa capa. Evito olhar inclusive… 😅