Todos os dias se parecem na vida que Judith McPherson leva ao lado do pai. Eles têm uma rotina simples e reclusa, numa casa repleta de lembranças da mãe que ela nunca conheceu, e as únicas pessoas com quem convivem são os fiéis da igreja cristã a que pertencem. Judith não tem amigos na escola, onde é alvo de gozações, e para encontrar consolo se refugia no mundo de sucata que construiu em seu quarto. Lá, cada dia é um dia, e a vida pode ser incrivelmente feliz graças a sua imaginação. Basta acreditar que a Terra Gloriosa, como ela chama sua maquete, é realmente o paraíso prometido onde um dia vai viver ao lado da mãe.Aos dez anos, Judith vê o mundo com os olhos da fé, e onde os outros veem mero lixo, ela identifica sinais divinos e uma possibilidade de criar. Assim, constrói bonecos de pano e inventa para eles histórias felizes na Terra Gloriosa. O que nem Judith poderia imaginar é que talvez seu brinquedo seja mais do que uma simples maquete.Pelo menos é o que parece quando ela cobre a Terra Gloriosa de espuma de barbear e a cidade aparece coberta de neve na manhã seguinte. Um pequeno milagre é assim que ela interpreta esse e outros sinais parecidos. Tão pequeno que muitas pessoas poderiam pensar que não passa de coincidência, mas Judith sabe que milagres nem sempre são grandes, e que reconhecê-los é um dom de poucas pessoas.Longe de ser benéfico, no entanto, esse poder traz consigo uma grande responsabilidade. Afinal, seria certo usar a Terra Gloriosa para se vingar de Neil Lewis, o colega que a maltrata todos os dias na escola?
Esse livro cativa desde a capa. Ela é muito bonita e foi o que primeiro chamou minha atenção. Depois, a história. Não tem como não se encantar com Judith, que é quem narra a história, e torcer por ela para que alguém a ajude a se livrar de Neil, o menino que a perturba no colégio. Ele prometeu enfiar a cabeça dela na privada na segunda-feira, promessa essa feita durante a briga dos dois na sexta-feira onde ele não teve tempo de fazer isso, e Judith passa a temer por sua vida.
A primeira coisa que pensamos é: porque ela não pede a ajuda de um adulto. Então temos a resposta:
“Mas, se eu contasse, ele só iria dizer: “Você falou para o professor?”, e eu diria: “Falei”, e o Sr. Davies teria dito: “Ninguém vai enfiar a cabeça de ninguém na privada”, e o Pai diria: “Então está tudo bem”. Mas eu sabia que Neil iria enfiar minha cabeça na privada de qualquer jeito. E fiquei me perguntando por que o Pai nunca acreditava em mim.” - Pág. 21
Diante desse problema, vemos como a religião interfere na vida da menina e a afasta do pai. Pouca da atenção dele é direcionada à filha. Ele (e o grupo) tem regras que chamam de “Coisas Necessárias” que eles fazem achando que é para o bem deles e dos outros. Rezar é uma dessas coisas. Segundo Judith, eles acreditam que estamos vivendo nos Últimos Dias e a missão deles é levar a todos a palavra de Deus.
“Existem as Ovelhas (Irmãos como nós), as Cabras (incrédulos) e as Ovelhas Desgarradas (Irmãos que foram Apartados da congregação ou caíram). Há o Joio no Trigo (pessoas que fingem ser Irmãos, mas que não são), os Falsos Profetas (líderes de outras religiões), a Besta Fera (todas as religiões do mundo), os Gafanhotos (nós mesmos com nossa mensagem ardorosa),uma ascensão nas Relações Imorais (sexo) e sinais no sol, na lua e nas estrelas (ninguém sabe o que significam ainda).” Pág. 23 - 24
Eu não consegui descobrir que religião é essa do livro. Apesar de na sinopse estar escrito que é uma igreja cristã, eles não tem Cristo como maior símbolo da igreja, pois em um trecho é revelado que eles nem celebram o Natal. Se alguém aí conseguiu identificar qual é a religião comente!
Bom, o livro não é uma discussão sobre religião. Ela aqui na verdade é mais para ambientar a vida que Judith leva com o pai e eles são o foco principal da história.
O medo de ser morta pelo colega de escola faz a menina usar sua fé para cancelar as aulas. Ela acredita que uma nevasca poderia salvá-la ou pelo menos adiar seu fim. Assim, ela cobre a Terra Gloriosa com um pano branco e espera pela neve. Esse pequeno gesto, acredita Judith, desencadeou uma série de acontecimentos que irão interferir na sua vida com o pai inclusive colocando os dois em perigo.
A história tem muitos momentos de tensão e alguns momentos muito fofos. Entre pai e filha, entre Judith e os irmão da igreja e também com uma vizinha excêntrica. Gostei de ler e recomendo. Só não esperem resposta para tudo que se passa na cabeça da menina, porque não terão.
“Porque a fé é igual à imaginação. Ela vê uma coisa onde não há nada, dá um salto e de repente você está voando.”
A menina que fazia nevar
Título Original: The Land of Decoration
Autora: Grace McCleen
Tradução: Renato Prelorentzou
Páginas: 312
Editora: Paralela
Ano: 2013
Link do livro no Skoob: A menina que fazia nevar
Assistam o Book Trailer: "A menina que fazia nevar", de Grace McCleen
Eu nunca tinha ouvido falar desse livro, e simplesmente adorei sua resenha (OMG, mais um pra minha gigante wishlist )
ResponderExcluirE essa capa é tão linda *--*
Parabéns pela resenha maravilhosa :D
Beijo
Fico feliz que tenha gostado!!
ExcluirRealmente, a capa foi muito bem trabalhada mesmo!! :)
Muito obrigada!
Beijusss;
Estou muito afim de ler esse livro... As opiniões que já vi até agora foram positivas, assim como a sua.
ResponderExcluirGostei da resenha (:
Beijos,
http://refugiodarealidade.blogspot.com.br/
Ele não fi exatamente como eu imaginava, mas gostei bastante! :)
ExcluirFico feliz que você tenha gostado!!
Beijusss;
Será que os personagens são Judeus? Não consigo entender uma religião que Cristã que não celebra o Natal, mas não conheço muitas religiões, então não posso falar nada ^^
ResponderExcluirA sua resenha ficou muito boa, fiquei com vontade de ler o livro. Principalmente para saber se ela tem a cabeça enfiada na privada ou não (e que diabos o pai da menina não acreditar nela!)
Pois é, não consegui descobrir. Achei estranho, mas não tenho certeza se ser Cristão implica em celebrar o Natal. Eu achava que sim, mas também não sou muito entendida no assunto. Marquei várias partes do livro enquanto lia pra ver se descobria, mas não consegui...
ExcluirMuito obrigada!
Hahahahahaha... curiosidade é um problema.
Pois é... fiquei com muita pena dela.
Quero ler esse livro desde o lançamento, mas até hoje não consegui. A Menina que Fazia Nevar como vc msm disse, já cativa pela capa. Mas as resenhas tb ajudam muito, pois até agora não consegui achar uma crítica negativa que fosse.
ResponderExcluirO enredo é envolvente e parece mesmo ser uma leitura emocionante. Espero um dia poder ler, e que seja em breve rs
Bjs,
Kel
www.itcultura.com.br
Eu pensei que o livro fosse ser de outra forma, mas não me decepcionei. A história é cativante.
ExcluirEspero que você goste!
Beijusss;
Olá!
ResponderExcluirParabéns pela resenha. Nem todos os cristãos celebram o Natal pois consideram que jesus nasceu em outra época. O livro parece ser muito bom!
Agnes (Guii)
http://www.literaturaummundoparapoucos.blogspot.com.br
Oi! ^^
ExcluirMuito obrigada!
Pode ser isso então. Mas achei legal da parte deles não colocar o nome de nenhuma religião específica. Não era a ideia do livro. O foco é o relacionamento pai e filha. O livro é bom sim!
Beijusss;