[Resenha] A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra

A loja é totalmente sombria e só tem dois tipos de clientes: alguns pedestres aleatórios — que param por ali tão raramente que Clay Jannon, o novo funcionário da livraria, se pergunta como a loja continua aberta — e “uma pequena comunidade de pessoas que orbitam em torno da loja como luas esquisitas (...) Chegam com regularidade algorítmica. Nunca ficam procurando. Chegam bem despertos, completamente sóbrios e trêmulos de necessidade”. 

Certamente, isso tudo é uma fachada para alguma coisa maior...A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra é um romance que é parte uma emocionante aventura tecnológica, parte uma história de amor e amizade, parte uma carta de amor aos livros.

Um livro que fala sobre livros e tem mistério, não tem como não ler! A estória é narrada em primeira pessoa por Clay Jannon e não para de nos surpreender a cada página virada. A cada mistério que ele desvenda, surgem outros a serem descobertos. Eu queria contar a vocês cada um desses mistérios, mas eu estragaria toda a surpresa. Vamos dizer que a loja do Mr. Penumbra é apenas a ponta de um iceberg.

Clay Jannon, um web designer desempregado, descobre um anúncio de “precisa-se de atendente” na vitrine da loja de Penumbra em São Francisco, Califórnia. Como se trata de uma livraria 24 horas (queria que existisse uma assim por aqui) é necessários dois funcionários, além do Sr. Penumbra, para manter a livraria aberta.

Oliver Grone é pós-graduado em Arqueologia e está se preparando para ser curados de museu. Toda noite é ele quem passa a livraria para Clay. Na manhã seguinte, é Penumbra quem assume.

Esse emprego tem três exigências, muito estritas: (...) Um: você tem sempre de estar aqui das 22 às 6 horas, exatamente. Não pode sair mais cedo. Dois: não pode ler, folhear ou inspecionar de modo algum os volumes nas estantes. Simplesmente apanhe-os para os membros, só isso. (...) a terceira regra compensa a segunda. — Você deve tomar notas detalhadas de todas as transações. A hora. A aparência do cliente. Seu estado de espírito. Como ele pede o livro. Como ele o recebe. (...) E por aí vai. Acho que, sob circunstâncias normais, isso pareceria uma exigência meio assustadora para um emprego. Nas atuais circunstâncias, entregar livros estranhos para estudiosos ainda mais estranhos no meio da noite... isso parece perfeitamente apropriado.                                    - Páginas: 24-25

Clay não tem escolha a não ser seguir as regras. Ele precisa do emprego. Mas a curiosidade sobre os frequentadores da loja e seus livros...

Penumbra vende livros usados e todos estão num estado de conservação tão excelente que se passariam por novos. (...) Não parece dar muita atenção às listas de best-sellers. (...) Então, não há adolescentes feiticeiros nem vampiros policiais aqui. É uma pena, pois é exatamente o tipo de loja que dá vontade de comprar um livro sobre um mago adolescente. É o tipo de loja que faz você querer ser um mago adolescente.                                          - Páginas: 18-19

Outros personagens dessa estória são Mattew Mittelbrand e Ashley Adams, com quem Clay divide o apartamento. Ele trabalha com efeitos especiais e ela é executiva de contas em uma agência de relações públicas.

Neel Shah, melhor amigo de Clay, sofria bullying e não tinha nenhum amigo, hoje é rico e está abrindo a própria empresa. A amizade dos dois começou depois que descobriram, durante o 6º ano, que eram fãs da mesma trilogia literária: As Crônicas da Balada do Dragão.

Kat Potente, funcionária do Google que é atraída para a loja por um anúncio criado por Clay para atrair novos clientes à loja. Junto com os outros amigos de Clay, ela o ajuda na solução de alguns mistérios.

O “vilão” dessa estória é Corvina, aparentemente patrão de Penumbra não totalmente satisfeito com o comportamento do empregado. Mas que espécie de negócio é o deles com livrarias e clientes tão peculiares espalhados pelo mundo?

“A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra” é um ótimo livro! Nessa época em que estamos com e-books e livros impressos disputando espaço e preferência, Robin Sloan traz um livro que fala sobre livros e tecnologia. Não como inimigos, mas como aliados. Eu, que sou apaixonada pelos dois assuntos, me deliciei. No entanto, quem não é muito íntimo da tecnologia, não precisa se preocupar. Não há nada específico ou complicado necessário à compreensão da estória.

Minha conclusão? Recomendo! É um livro de leitura fácil e a diagramação ajuda bastante. Há quatro grandes partes, “A Livraria”, “A Biblioteca”, “A Torre” e “Epílogo” e cada uma delas é dividida em capítulos pequenos e com títulos que aguçam a vontade de ler.

A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra
Título Original: Mr. Penumbra's - 24 hour bookstore
Autor: Robin Sloan
Tradução: Edmundo Barreiros
Páginas: 288
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013
Link do livro no Skoob: A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra

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