Essa postagem em um dia diferente carrega uma motivação especial. 29 de abril é o dia internacional da dança e fico feliz em perceber como essa forma de arte existe de alguma maneira na minha vida desde sempre. Começou de maneira discreta, quando eu acompanhava empolgada minha prima dançando nos palcos na apresentação de final de ano da escola de balé onde ela estudava, até me arrebatar de vez e me persuadir a ir, eu mesma, para o palco.
Não que eu nunca tenha me apresentado a uma plateia. Muito pelo contrário. Comecei cedo na formatura do pré-escolar em 1990 e repeti a dose algumas vezes, em trabalhos na mesma escola, porém com menos público. Entretanto, a dança não era exatamente o foco, apesar de me fascinar. Meu palco por muito tempo foi a rua durante o carnaval onde eu me entregava ao ritmo e dançava como se não houvesse amanhã. Tenho muita saudade desses carnavais, mas agora não dependo mais deles para fazer o que tanto amo.
“O dia internacional (ou mundial) da dança comemorado em 29 de abril, foi instituído pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) no ano de 1982. Ainda é uma data nova e até mesmo desconhecida para muita gente, pois começou a ser realmente lembrada no Brasil nestes últimos anos. O Dia Internacional da Dança é importante como mais um espaço de mobilização em torno deste assunto. Alguns dos objetivos desta comemoração são aumentar a atenção pela importância da dança entre o público geral, assim como incentivar governos de todo o mundo para fornecerem melhores políticas públicas voltadas à dança (Fonte: Wikipédia).”
Lembrar minha primeira vez no palco foi uma chave que destrancou alguns traumas, mas só assim para entendermos e superarmos. Talvez vocês já tenham lido a respeito da minha experiência na publicação que fiz no meu Instagram, mas vou descrever aqui uma versão revisada e mais resumida.
Minha primeira vez no palco foi na formatura do pré-escolar do Colégio dos Jesuítas em 1990 cujo tema era ‘O Circo’. Fui do grupo dos palhaços e desde aquela época guardei um sentimento de que não gostei muito. Aqui minhas lembranças ficam um pouco confusas, pois me recordo de ter escolhido participar de outro grupo, mas não sei se eram os acrobatas, já que eu fazia ginástica artística na época, ou os mágicos, porque desde sempre eu amo brilho e o figurino deles brilhava! Tudo o que sei é que comecei os ensaios com eles e depois troquei para o definitivo.
Minha motivação foi a pressão de algumas amigas por ninguém da turma estar com o grupo que eu havia escolhido e eu cedi com medo de ser a diferente. Hoje entendo como essa decisão me marcou, e não pelo aspecto positivo, mas na época eu só tinha 7 anos. Jamais culparia uma criança por agir dessa forma. Inclusive perdoar essa criança é o primeiro passo para superar o bloqueio que esse evento criou. E eu fiquei feliz em ver o sorriso no meu rosto em algumas fotos, pois apesar de ainda lembrar e desejar o brilho do figurino dos mágicos (tinha glitter em tudo!) aparentemente eu me diverti! 🤩
Entretanto, apesar da minha presença no palco em apresentações de trabalhos e na formatura, a dança ficava bem longe, no carnaval de rua. Na minha imaginação as duas coisas jamais ficariam juntas. O tempo estava passando e aquela sensação de estar velha demais para fazer algo estava chegando sorrateiramente. A reviravolta de conto de fadas aconteceu em 2016 quando eu tive dengue pela primeira vez. Sobrevivi, mas o médico que cuida há anos da minha família, me aconselhou a fazer mais atividade física. Na época eu caminhava e ele insistiu que na minha idade (32 anos) era muito pouco.
Nesse momento me lembrei da dança que sempre amei, mas já havia passado dos 30 e me achava velha demais pra fazer balé. Foi nessa hora que a protagonista teve seu sinal. No caminho do curso de inglês onde eu praticava conversação, havia uma academia que oferecia um tal de BalletMix (acho que era esse o nome). Os movimentos do balé usados como treino, sem palco, sem coreografia, só a atividade física. Mal pude acreditar e no dia 1º de junho de 2016 me inscrevi para uma aula experimental e me apaixonei.
Agora vem aquela parte do filme onde as coisas dão um pouco errado. Depois de um tempo fazendo as aulas, o grupo de alunas era sempre muito pequeno e o dono do espaço estava pensando em descontinuar a turma. A professora então me convenceu a ir para a escola de balé onde ela poderia pedir a proprietária para abrir um horário e dar a mesma aula. Fiquei assim alguns meses, até que o pouco número de alunas colocou a turma em risco mais uma vez e a professora me convenceu a entrar para o balé adulto. Em 2017, aos 33 anos começou minha história com o balé clássico.
Sonho de bailarina realizado nasceu outro: a sapatilha de ponta. E no meio desse sonho, outra reviravolta. Em 2019, a proprietária e também professora da escola onde eu dançava decidiu se unir a outra escola de balé. Quase tudo permaneceria conforme estava exceto minha professora que não nos acompanharia na mudança. Foi uma despedida bem triste, mas entre ir para uma escola desconhecida (até aquele momento) que havia nas proximidades, ou seguir com a proprietária do lugar, que garantiu assumir a turma mantendo no mesmo horário na parte da manhã, optei pelo que já conhecia e fui com ela.
Deu tudo certo e foi o início de um sonho, pois ainda aquele ano eu calcei as tão sonhadas sapatilhas de ponta. No dia 10 de outubro de 2019 tive minha primeira aula. Confesso que nunca achei que fosse ser tão feliz e sentir tanta dor ao mesmo tempo. Por mais que algumas bolhas tenham aparecido nos meus pés, eu ficava ansiosa para a próxima aula. A questão da sapatilha de ponta é identificar e proteger os pontos mais sensíveis do pé, e só com o tempo descobrimos quais são os nossos, então tudo bem, só que o ano seguinte foi 2020…
Quando começou a quarentena, passei a fazer as aulas por vídeo em casa e o bom senso me fez parar de usar as pontas para evitar acidentes. Não se deve calçar uma sapatilha dessas sem saber o que está fazendo e enquanto aprende, é bom ter alguém de olho atento aos movimentos, algo impraticável através da tela de um celular. Guardei as pontas e segui com as aulas usando as sapatilhas chamadas de meia ponta, minhas companheiras desde 2016.
Com o controle do vírus e o fim da quarentena, veio mais uma reviravolta (chega! 😅), a professora iria se mudar de cidade. Não lembro direito se fiquei na escola com outra professora, mas me recordo que antes mesmo da pandemia, a turma já estava esvaziando e provavelmente deixaria de existir. Balé adulto bate de frente com a vida adulta e as responsabilidades geralmente ganham a batalha obrigando as pessoas a desistir de pequenos prazeres como esse. Eu compreendo a dificuldade e sei que sempre fui a diferente por ter muito tempo disponível.
Vocês se lembram da escola desconhecida que mencionei um pouco antes? Já tinha participado de um curso de verão lá e em invés de me adaptar as mudanças na escola que eu estava, resolvi mudar tudo de uma vez. No entanto, não havia horário de balé adulto acessível para mim, pois prefiro evitar as turmas mais à noite por conta da dificuldade de voltar para casa dependendo de um meio de transporte (o que aumenta as despesas) e foi assim que me matriculei na preparação física para bailarino à tarde.
Um tempo depois veio a proposta. O mesmo professor das aulas de preparação física estava com uma turma de balé adulto em um horário compatível com as minhas necessidades e mais uma vez voltei ao balé clássico. Eu estava feliz com o retorno, mas meu corpo começou a pedir mais. O balé clássico é lindo e me deu a base que eu tenho na dança, mas me descobri muito agitada para movimentos tão lentos.
Uma modalidade conhecida como jazz dance, onde as aulas são ao som de trilhas sonoras, musicais da Broadway e música pop, chamou minha atenção já no início de 2024. Foi paixão na primeira aula experimental que fiz e é onde eu estou até hoje sem a menor intenção de sair!
Ainda não subi no palco, mas depois de lembrar e entender o que me afasta das coreografias e apresentações em grupo há uma grande chance de eu conseguir superar o que passou, apesar de ter sido reforçado recentemente. Tive outra experiência ruim ao me apresentar na primeira escola onde dancei e acertar a coreografia enquanto o resto do grupo errou. Para quem assistia a errada era eu 😳. Agora eu sei o que eu preciso trabalhar em mim e, principalmente, sei o que quero e o que eu não quero em relação à dança.
Por essa caminhada cheia de descobertas, tenho muito que agradecer à Karina Pereira Gomes, pelo BalletMix e o balé clássico, à Letícia Sabino, pelo balé clássico, ao Felipe Noselhi, pela preparação física para bailarino e o balé clássico e à Carolina Granato pelo curso de verão em balé avançado (onde eu pude perceber que não era tão avançada assim 🙃) e o jazz dance. E ao Studio Viva Dança que está se tornando meu segundo lar e espero que seja também o meu felizes para sempre nesse conto de fadas dançante. Mas isso, só o tempo vai poder dizer.
A mensagem que eu gostaria deixar para minha versão de 30 anos, e para todas as outras pessoas dessa faixa etária (e também as mais velhas), é que não tem idade certa para começar a dançar. Se a oportunidade aparecer, tudo o que você precisa para qualquer modalidade é a vontade de praticar. Essa é a primeira vez na vida que faço uma coisa inteiramente para mim e recomendo bastante! 💖
Feliz dia internacional da dança!
Oiê, Helaina.
ResponderExcluirPassei hoje no seu blog e descobri algo novo mais uma vez, realmente não sabia que era dia Internacional da Dança, que interessante.
Ler suas recordações em relação à dança e apresentações me emocionou, principalmente em relação a ter perdoado a criança que lhe desmotivou em relação a se apresentar como realmente desejava naquele dia. E, realmente, ao menos nessa foto, que vi lá no Instagram tmb, estás com um sorriso lindo e parece que almejava tirar o máximo de proveito, mesmo que as coisas não tenham sido como idealizou naquele dia.
É curioso como as coisas são, realmente parece destino que uma situação horrível (como Dengue) tenha acabado por lhe levar a dança. O mais bonito de tudo é a sua superação, em relação ao etarismo, percebendo que pode dançar sim independente da idade. Acho maravilhosas suas fotos na dança.
Essas várias reviravoltas parecem aqueles momentos que vemos em filme, deixa-nos tensos, mas eu estava esperando o final feliz. Tão linda você de sapatilha de ponta! E tão sensata em relação a não usa-las durante a pandemia para se resguardar de lesões.
Coisa mais linda é seu sorriso na aula de Jazz, mas mais lindo ainda é ver você quebrando suas próprias barreiras autoimpostas, se superando e fazendo oque deseja, oque te faz feliz.
Ainda não cheguei lá, mas eu (quase nos 30) vou guardar essa mensagem no meu coração, de aproveitar as oportunidades e só ir praticar.
Parabéns pela sua história Helaina.
Beijos, até a próxima ❤️
https://entulhandoideiasdiversas.blogspot.com/
Oi Ane, pra falar a verdade, até começar a dançar eu também não fazia ideia e a comemoração existe desde 1982! Fico feliz que você tenha gostado! Eu não sei se fico feliz ou com medo do destino. Por enquanto tá tranquilo, mas tô atenta! Hahahaha... Eu até nem aparento a idade que eu tenho, mas mesmo assim, às vezes sinto esse peso que a sociedade joga na gente. Acredito que quando mais pessoas entenderem que não precisam se limitar por conta do passar a idade (temos fatores biológicos para fazer isso.. rsrs..), mais livres seremos!
ExcluirMuito obrigada! ❤️
Beijos e até mais!
Oi Helaina, tudo bem?
ResponderExcluirVocê já assistiu ao dorama Navillera? Caso não, acho que ia se apaixonar. Fala sobre a paixão pelo balé e também aborda que não tem idade pra correr atrás dos sonhos - o que combina demais com essa sua postagem inspiradora. Adorei saber da sua história com a dança!
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Oi Priih, tudo bem sim e você?
ExcluirAinda não! Vou procurar! Obrigada pela dica!
Fico feliz por você ter gostado!
Beijos;
Oi, Helaina! Tua trajetória com a dança resplandece como uma crônica de vigor e beleza, delineada por movimentos que transcendem o mero físico e tocam o etéreo. Há algo de profundamente inspirador em tua história — não apenas pela graça com que percorres esse caminho, mas pelo modo como tua trajetória acende fagulhas de coragem em tantas outras mulheres, cujos sonhos jazem, por vezes, adormecidos sob o véu do desalento.
ResponderExcluirTeu relato possui a essência das narrativas que resistem ao tempo, como se cada gesto teu ecoasse na memória invisível do mundo. Que a dança, essa forma de expressão tão ancestral e sublime, continue a ser parte de tua essência — como o sopro invisível que dá vida ao corpo e ao espírito.
Confesso minha ignorância quanto à existência de um dia dedicado à celebração da dança, essa arte que, mesmo em silêncio, fala às profundezas da alma. É visível, nas imagens que compartilhaste, a luz que se irradia de teu semblante — uma alegria pura, não simulada, que transcende qualquer explicação material.
A felicidade! Essa dádiva intangível, que tantos confundem com o enfeite do mundo moderno. O dinheiro, com todo o conforto que oferece, jamais poderá emular o fulgor genuíno da alma desperta. No entanto, parece que muitos confundem o aconchego com o contentamento — uma ilusão comum, talvez inevitável. Abraço!
Oi Luciano! Que belas palavras! Muito obrigada! Fico muito feliz que a postagem tenha evocado tantos sentimentos, pois é o que a dança faz comigo. Eu também não sabia da data até pouco tempo, mas não deixarei mais de celebrar o dia!
ExcluirAbraço!
O legal da dança, é que ela é uma arte de um tipo de artista, porém, democraticamente, pode ser a arte de qualquer um. É só começar a balançar o esqueleto, como dizia meu pai...rs
ResponderExcluirSim! Amo isso na dança e acaba que eu me beneficio também dessa característica convivendo com pessoas das mais diversas realidades.
ExcluirCaraca, não sabia que tinha o dia internacional da dança.
ResponderExcluirEu fiz jazz quando era novinha e gostei bastante mas não sou uma pessoa muito talentosa quando o assunto é dançar, nenhum gênero, porém, acho lindo demais.
Gosto muito de obras que tem a trama relacionada a dança, sempre amei aquelas cenas com todo mundo dançando em filmes, acho mega nostálgico rs
Abraço,
Parágrafo Cult ❤︎
Pois é. Eu também desconhecia essa data até pouco tempo. Eu passei a gostar mais de musicais depois que comecei a dançar.
ExcluirAbraço;
Oi Helaina! Eu acho lindo ver danças e achei essa sua jornada inspiradora. Que ótimo encontrar algo que seja inteiramente para você. Com certeza a sensação de contentamento deve ser enorme. Bjos!!
ResponderExcluirMoonlight Books
Oi Cida! Fico feliz que tenha gostado! Sim, é maravilhoso conseguir se dedicar a algo apenas para você. Não que os outros não possam se beneficiar, assistindo, mas o meu foco até agora tem sido eu mesma. Beijos!!
ExcluirOi Helaina, bom dia tudo bem?
ResponderExcluirNão me recordava que era esta data... Eu tive os meus anos de vicio em dança, tentei balé, dança do ventre, kpop há alguns anos atrás... mas hoje sou apenas uma apreciadora visual mesmo!
Abraços! Carolina
Blog Baú de Histórias
Oi Carolina, tudo bem sim e você?
ExcluirEu estou começando aos poucos, talvez teste mais algumas modalidades um dia.
Abraços!
Parabéns pelo dia da dança. Temos que fazer o que a gente gosta, para não ter arrependimento depois.
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia
Muito obrigada! Com certeza!
ExcluirBoa semana para você também!
Uma data bonita e elegante! Adoro dança, apesar de não saber dançar!
ResponderExcluirBjxxx,
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Sim, muito! Se tiver vontade, apenas se aventure! Vale muito a pena!
ExcluirBeijos;
Querida Helaina... eterna em minhas lembranças! gratidão pela confiança no trabalho desenvolvido e parabéns por N desistir do seu sonho,vc é inspiração p outras pessoas.Seja feliz fzd o q gosta! Abraço carinhoso
ResponderExcluirOi Karina, também nunca me esqueço de você. Se não fosse seu incentivo, acredito que não estaria dançando hoje. Muito obrigada por tudo! Que você também seja sempre muito feliz fazendo o que gosta e que Deus te abençoe sempre com muito sucesso! Abraço carinhoso ❤️
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