outubro 31, 2024

[Resenha] A Árvore da Mentira

Sabe aquele sonho de alguns leitores de esquecer a história de um livro para poder ler novamente como se fosse a primeira vez? Então, aconteceu comigo e não sei o quanto preciso me preocupar 👀❔. Eu tinha lembranças do começo da história, a data em que terminei a leitura no Skoob pela primeira vez em 2016 e a sensação de que foi uma leitura muito boa, apesar de eu não saber explicar o motivo.

Por conta disso, quando organizei a lista com 40 livros para ler antes dos 40 (saiba mais), A Árvore da Mentira foi uma das tantas releituras selecionadas a qual fiz questão de escrever e publicar a resenha para ver se não esqueço mais! 😂

Sinopse: Na inóspita ilha inglesa de Vane, em pleno século XIX, os Sunderlys desembarcam, atraindo atenções e suspeitas. Quando o reverendo Erasmus, patriarca da família e proeminente estudioso de ciências naturais, é encontrado morto em circunstâncias obscuras, sua filha, a jovem e impetuosa Faith, está determinada a desvendar o mistério. Para isso, precisará de coragem não apenas para confrontar dolorosos segredos, mas também para desafiar as implacáveis tradições da sociedade em que vive. Investigando os pertences do pai em busca de pistas, ela descobre uma planta estranha. Uma árvore que se alimenta de mentiras sussurradas e dá frutos que revelam verdades ocultas. Quando a espiral das sedutoras mentiras de Faith fica fora de controle, ela compreende que as verdades estilhaçam muito mais. Combinação de horror, romance policial e realismo fantástico, esta arrepiante história da premiada escritora britânica Frances Hardinge, autora de “Canção do Cuco”, promete arrebatá-lo do começo ao fim. (Fonte: Skoob)

Nessa história acompanhamos Faith e sua família que é praticamente banida para morar em uma ilha após um escândalo ameaçar a carreira de seu pai, o reverendo Erasmus, estudioso de ciências naturais. Para se esconder das acusações e proteger a família, ele viaja com esposa, um filho, uma filha e o cunhado para a inóspita ilha inglesa de Vane.

Tudo se passa no século XIX, com direito a todo preconceito que se tinha contra mulheres na época. Desde sua criação apenas para ser esposa até o impedimento, ou, no mínimo, estranheza quando as mesmas possuíam interesses acadêmicos. Ao mesmo tempo que os trechos que relatam essa realidade nos fazem ficar com raiva, mostram a mudança acontecendo, pouco a pouco, pelas mãos de corajosas mulheres que ousaram pensar diferente.

A vida é um campo de batalha, Faith! As mulheres estão no campo de batalha tanto quanto os homens. Não recebemos arma alguma, e não podemos ser vistas lutando. Mas devemos lutar, ou vamos perecer.” Pág. 243

O contexto histórico aqui, no entanto, é mais pano de fundo. A história foca nas descobertas que estão sendo feitas na ilha, um assassinato e uma planta misteriosa que promete grandes revelações a quem comer de seus frutos, mas essa precisa ser alimentada com mentiras e Faith não demora a descobrir o efeito bola de neve que uma ideia tem.

Uma árvore que podia contar segredos que ninguém mais possuía e descascar os mistérios do mundo. Uma árvore que podia mostrar aos governantes os segredos de seus inimigos, aos cientistas os segredos das eras, aos jornalistas os vícios dos poderosos. Não era apenas cientificamente fascinante. Era muito valorosa. Poderosa. Inestimável.” Pág. 234

Inconformada pela morte do pai, a jovem fica ainda mais perturbada quando os habitantes da ilha sugerem que o reverendo tirou a própria vida e, portanto, não pode ser sepultado em solo sagrado. Faith precisa contar com todos os aliados que conseguir, mesmo os mais improváveis, para desvendar o mistério e preservar a dignidade de seu pai.

Podia ser bondade pura. Faith sentiu-se vazia ao pensar nisso. Precisara de bondade anteriormente, e não recebera nenhuma. Agora era tarde demais e ela não sabia o que fazer com ela.” Pág. 183

Não digo que tenha me identificado com nenhum dos personagens, mas senti empatia tanto por Faith em sua busca por respostas, quanto por seu irmão mais novo, Howard, um menino canhoto, algo inaceitável para a época. Ele é forçado a usar um casaco com a manga costurada para escrever com a mão “certa”, já que seria uma vergonha para a família mandá-lo para a escola com ele usando a mão esquerda para escrever. Ainda assim, Faith estava em pior condição, pois nem poderia frequentar a escola. Saber ler já era suficiente para uma mulher na época (assustador). Nossa situação como mulher na sociedade melhorou muito comparado ao que a protagonista passa, mas ainda temos um longo e exaustivo caminho pela frente.

— Faith, seu irmão não é canhoto — Myrtle disse com firmeza como se Faith tivesse feito uma acusação injusta. — O que tem de errado com você hoje? — Ela observou a filha mais demoradamente.” Pág 229

A história tem um ritmo acelerado e sempre tem algo acontecendo. As páginas voam e prendem a gente a cada revelação querendo saber cada vez mais. Recomendo para quem gosta de mistério, suspense, baixa fantasia e curiosidades de épocas passadas. Achei muito interessante a abordagem da autora sobre os rituais funerários da época.

A Árvore da Mentira é um suspense que eu gostaria muito de ver nas telas. Acredito que seria um daqueles filmes que mantém a gente preso na trama do início ao fim. Além disso, adoraria ver a criatividade da equipe criando a árvore com seus frutos e também os cenários da ilha e da mansão que abrigou a família. Acredito que a fotografia seria, depois da história, o que mais me atrairia.

As pessoas mais caladas costumam ter uma noção do ambiente que as mais expansivas não possuem. Sentem o vento mudar ao sabor das conversas e tremem com o frio dos ressentimentos guardados.” Pág. 75

Título Original: The lie tree
Autora: Frances Hardinge
Tradução: Caio Pereira
Páginas: 304
Editora: Novo Século
Ano: 2016
Link do livro no Skoob: A Árvore da Mentira

Já leram “A Árvore da Mentira”? E a autora? Ela também publicou “Canção do Cuco”, que está na minha lista de leituras há algum tempo, mas ainda não tive a oportunidade de ler. Parece ser uma história tão interessante quanto essa.

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