dezembro 05, 2024

[Resenha] Os sem resenha 2024

Essa é mais uma coluna que começou com um objetivo, mas sofreu alterações com as minhas mudanças de hábito. Em sua primeira edição, Os sem resenha 2022, visava listar os livros lidos durante o ano que não ganharam resenha no blog. Com o aumento da quantidade que consegui ler, ficou impraticável manter a coluna em seus moldes originais, pois se eu colocar a sinopse e o comentário sobre cada leitura vou ultrapassar a extensão que eu julgo agradável para as postagens.


Ainda não sei como farei nas próximas edições da coluna, já nessa deixarei um pequeno comentário para cada título e se vocês quiserem mais informações sobre o livro, todos têm uma mini resenha no meu perfil do Skoob (helainaideas).

A Livraria dos Finais Felizes (Katarina Bivald): A forma que a autora escolheu para contar a história, com poucos diálogos onde os personagens são apresentados através de parágrafos expositivos em vez de deixá-los agir para quem lê tirar as próprias conclusões, fez a leitura fluir de forma muito lenta e cansativa. Não sou do tipo que abandona o livro, mas pensei em fazer isso algumas vezes. Se não fiz é por que sabia que retornaria para tentar ler outra vez. Apesar disso, a autora entrega o que promete e termos menção a livros (menos do que eu esperava, na verdade), novos começos e romances.

A mansão Hollow (Agatha Christie): Esse livro até traz uma trama interessante que faz a gente querer ler até o final para descobrir os verdadeiros culpados, mas comparando com outros títulos da autora, faltou aquele acompanhamento que somos convidados a fazer atrás das evidências que apontam para as pessoas responsáveis pelo crime. Acredito que isso seja proposital, pois muitas pistas expostas teriam deixado evidente desde o começo o que de fato aconteceu. Por isso, nesse livro acompanhamos os personagens envolvidos na cena do crime e o impacto que o fato causou em suas vidas.

Clássicos do horror, do estranho e do sobrenatural n° 3 (Arthur Conan Doyle e outros): Esse livro traz três contos curtos, nada complexos, cuja leitura pode ser feita em poucas horas. No primeiro temos o impasse dos soldados em um campo de batalha para enterrar o companheiro morto. No segundo um jantar com treze pessoas à mesa e uma fuga sendo planejada. Já o último, apresenta a execução de um prisioneiro que acaba não saindo conforme o planejado. Consegui esse livro de graça na Amazon.

Contos de Fadas Europeus (Joseph Jacobs): O livro é uma coletânea de 22 contos, quase todos inéditos se não estivesse entre eles ‘A Bela e a Fera’ e ‘João e Maria’. Esse segundo, inclusive, com uma pequena reviravolta no final que eu nunca havia lido antes. Reparei um detalhe comum à maioria dos contos selecionados, e talvez o motivo de não serem tão populares: as lições, no mínimo, duvidosas que alguns têm com muita gente fazendo o pior que pode e se dando bem no final. Acredito que a função de ensinar o certo para as crianças não seria bem-sucedida com alguns deles.

Criaturas Estranhas (histórias selecionadas por Neil Gaiman): Com situações cotidianas e desfecho inusitado, esse livro apresenta contos independentes com as mais variadas criaturas. Temos objetos inanimados, animais exóticos e alguns que só existem na nossa imaginação. As criaturas são o ponto principal de cada história, mas os temas são variados, assim como os protagonistas.

Cura Fatal (Robin Cook): Aqui o foco da história é o que os planos de saúde estão fazendo com as pessoas, visando lucro mesmo que isso coloque em risco a vida dos pacientes. Imagino o quanto o autor, também médico, vivenciou essa realidade em um país sem serviço público de saúde (a história é ambientada nos EUA). Liberdade criativa à parte, é de gelar a espinha pensar o que realmente acontece entre empresas de planos de saúde e hospitais.

E não sobrou nenhum (Agatha Christie): O desenrolar da história ocorre dentro do esperado, os personagens vão sendo mortos de maneiras diferentes e ninguém consegue descobrir quem está por trás do esquema. O enigma se sustenta até as últimas páginas e dessa vez eu precisei chegar até lá para descobrir o que estava acontecendo. Tive algumas suspeitas pelo caminho, mas nenhuma apontou para a solução correta. Gostei muito do livro e mesmo o final sendo aquele clássico expositivo da autora, não me incomodou já que eu queria muito aquelas respostas.

Felicidade clandestina (Clarice Lispector): Com histórias de acontecimentos do dia a dia, e uma carga enorme de reflexões, finalmente tive meu primeiro contato com uma obra de Clarice Lispector. Antes disso conhecia a autora apenas pela fama e textos soltos apresentados pelos professores em sala de aula. Gostei da experiência sendo que o conto, "O Grande Passeio", é sem dúvida o meu preferido desse livro, tanto por estar em um formato mais próximo da minha zona de conforto, quanto por tratar o abandono na velhice de uma maneira emocionante e sincera.

Graça fatal (Louise Penny): O segundo livro da série sobre o inspetor-chefe Armand Gamache segue bem a linha do anterior, Natureza Morta (ler resenha), o que não é surpresa já que o detetive está de volta à cidade de Three Pines para investigar mais um homicídio. Foi um mistério intrincado que durou até as últimas páginas e que apesar de ser parte de uma série, pode ser lido como livro único já que a história apresentada, assim como no primeiro, tem início, meio e fim. O assunto que provavelmente se estenderá pela série tem a ver com o passado de Gamache e suas implicações no presente/futuro do inspetor.

Harry Potter e o Cálice de Fogo (J.K. Rowling): A sensação que tive é de uma obra completamente diferente do filme. Conforme cheguei a comentar enquanto lia, parece que tentaram deixar a história menos sombria pra segurar a classificação indicativa mais baixa no cinema, pois aqui as coisas começam a ficar bem tensas com mais desafios e tramas potencialmente letais. Sobre a escola, uma das coisas que me incomodou muito é a forma como TODOS os adultos se comportam. Se antes o bullying praticado por Snape me incomodava (continua incomodando), agora passo a reparar a prof. Minerva maltratando o Neville que não demonstra muito talento (ela sabe o que aconteceu com os pais dele, algo que Harry só descobre nesse livro e ele sim demonstra empatia pelo colega), a Sra. Weasley criticando tudo que os filhos fazem, o cabelo do Gui é grande demais, Fred e George não tem ambição (os gêmeos querem abrir um negócio próprio! Como não tem ambição?) e o que mais me chocou foi a Hermione recebendo ameaças por carta, algumas chegaram a machucar a jovem com anexos mágicos, e nenhum adulto se importa! Isso conversa tanto com o mundo real que dói.

Harry Potter e a Ordem da Fênix (J.K. Rowling): Cada releitura reforça minha percepção de que Hogwarts é uma escola convencional, afora a magia, e diminui minha vontade de estudar lá (se fosse possível). Professores ignorando bullying e pior, praticando bullying, alunos em estado de estresse extremo por conta das provas e matérias mal explicadas. Muitas aulas são do tipo: lê aí (livro ou quadro), faz o que tá escrito e depois tem tarefa. Igualzinho escola trouxa. Se eu for em Hogwarts é só pra visita mesmo 😅. Sobre os membros da Ordem, me surpreendi ao perceber que ninguém parece ter notado que o que causou o desfecho do Sirius foi a arrogância do próprio. Ao invés de lutar contra a Belatrix, ele estava zoando ela. Se tivesse levado a sério, talvez tivesse sobrevivido. James realmente não era boa pessoa, atormentar Snape apenas pelo garoto existir é ridículo, mas nada justifica o Snape adulto descontar sua amargura em crianças. Pra mim a coragem dele não redime suas maldades contra alunos que nem estavam relacionados ao que aconteceu na juventude dele. Terapeuta é um profissional em falta no mundo bruxo!

Lemony Snicket: Autobiografia Não Autorizada (Lemony Snicket): Não é um livro com uma história linear. São vários episódios, documentos e fotos, todos relacionados com a história dos Baudelaire e da CSC (VFD no original) que podem ser lidos em qualquer ordem e diferente do que diz a sinopse, não há respostas aqui. Ou estão tão bem escondidas que eu não consegui perceber. Não acrescentou nada ao que já sabia depois de ler os 13 livros e assistir a série na Netflix.

Morte na Mesopotâmia (Agatha Christie): Eu adoro um bom mistério, mas lendo mais esse romance da Agatha Christie com o detetive Poirot como protagonista, percebo que nem toda forma de desenvolver um romance policial me agrada. Eu gosto de seguir os detetives, ver a análise das evidências, e esse livro é uma sucessão interminável de entrevistas com os suspeitos. Em certo ponto me vi cansada de ler tanta conversa. Esse fato, entretanto, é totalmente coerente com o desfecho da história. Quando Poirot fez seu discurso característico apresentando a solução, compreendi por que tanta conversa e tão pouca análise.

Morte na Praia (Agatha Christie): Não suspeitei em absoluto dos verdadeiros culpados apesar de ter acertado a quantidade de envolvidos. Uma trama intrincada com a maior parte das pistas acessíveis somente a Poirot que mais uma vez deu seu show ao revelar o que havia acontecido.

Muito além do infinito (Jill Mansell): Eu gosto de intercalar minhas leituras de livros policiais com algo mais leve e tenho me divertido com vários dos títulos da série Romances de Hoje da editora Arqueiro. Entretanto, esse livro não ficou entre as melhores leituras que fiz do gênero. A história não é ruim, muito pelo contrário. Consegui sentir empatia pelos personagens, rir e me emocionar, mas definitivamente eu preciso mais do que apenas acompanhar vidas amorosas alheias. Todos os desafios aqui são relativos aos relacionamentos. Infidelidade, incompatibilidade, doença, luto e adultos muito imaturos que não são capazes de falar o que sentem (bom, talvez todos sejamos assim em algum momento). Foi o primeiro romance que li com esse foco único e não gostei.

Não existe crime perfeito (Connie Fletcher): A forma como a autora reuniu as informações para confeccionar o livro nos dá a impressão que estamos em um salão, com vários profissionais relacionados à polícia e investigação, e a cada momento um levanta a mão e conta uma história dentro do tema que foi distribuído em nove capítulos. São pequenos relatos das lembranças que os profissionais têm dos casos e suas percepções de como a investigação dentro do laboratório melhorou com o passar das décadas com o avanço da tecnologia. Outro aspecto abordado é como as séries criminais influenciam e em certo ponto até atrapalham o trabalho da perícia, pois algumas pessoas leigas ou mesmo profissionais, acreditam no que assistem e querem a mesma dinâmica na vida real. Para os peritos, apesar dessa desvantagem, a popularização das ciências forenses foi benéfica, pois ficou mais fácil explicar o que eles fazem para um júri.

O Pequeno Café de Copenhague (Julie Caplin): É um romance fofo com alguns dramas e enredo simples com suas reviravoltas. É uma daquelas histórias com jornada de autoconhecimento e como são vários protagonistas, temos realidades e mudanças distintas acontecendo. A trama, porém, não é confusa, pois cada personagem tem seu momento girando em torno de uma das protagonistas, Kate Sinclair, narradora dessa história. O final era esperado, acredito que seja o estilo dessa série, Romances de Hoje, mas acredito que um dos casais presentes na história precise muito de terapia. O livro tem um pequeno epílogo para dar aquele último abraço no coração antes de se despedir e minha edição ainda trouxe o primeiro capítulo do que parece ser a sequência, porém focada em outra personagem que teve uma participação menor nessa história. Acredito que possa ser lido fora de ordem, mas é possível que haja pequenos spoilers de um livro no outro.

O Último Sorriso Na Cidade Partida (Luke Arnold): Faz um tempo que eu não leio alta fantasia, e esse livro me lembrou o motivo. Já foi o tempo que eu gostava de nomes difíceis de pronunciar e mundos completamente imaginários. Fico entediada por ter que aprender uma dinâmica de mundo completamente nova para entender a história. Dito isso, eu gostei do livro que é o primeiro de uma série. A leitura é fluída e, apesar de muita história sobre o passado para que possamos entender o contexto do que está acontecendo, a história no presente, narrada pelo protagonista, tem um alto teor de melancolia pelo que aconteceu no universo da história. Era um mundo com magia que ficou sem ela e Fetch Philips, o protagonista, sente uma enorme culpa pelo ocorrido.

Os Crimes ABC (Agatha Christie): Tentou me fazer de trouxa, mas não conseguiu 😎. Enxergar o óbvio e além dele, fazer conexões, são as coisas que eu mais gosto nesses livros de detetive. É divertido acompanhar Hercule Poirot e tentar descobrir o verdadeiro criminoso com tanta informação para despistar minha atenção. Apesar de não ter conseguido descobrir quem era o culpado, a autora não me faz de trouxa aqui ao apontar para uma solução incorreta. Espero melhorar minhas habilidades detetivescas nos próximos livros.

Os relógios (Agatha Christie): Eu gosto muito do Poirot e tenho procurado pelos livros com a participação dele. Esse é mais um que vem com o nome dele na capa e na sinopse indicando que veremos o famoso detetive belga em ação, mas não foi bem assim. Apenas lá na metade da trama Poirot faz sua primeira aparição, olha as pistas e diz que já sabe o que aconteceu, sem revelar. A polícia continua andando em círculos e somente com mais duas aparições do detetive explicando o que aconteceu temos a solução do caso principal, o que dá nome ao livro. Foi uma ótima leitura e os personagens nos prendem. Consegui deduzir algumas coisas enquanto outras continuaram sendo segredo revelado apenas no final.

Um lugar muito distante (Jenny Colgan): O livro é o que promete desde a capa, um conto. Não há espaço para grande desenvolvimento dos personagens ou muitos detalhes sobre eles. Não é uma história ruim, mas talvez pelo aspecto curto desse tipo de narrativa, não consegui me conectar com a história ou os personagens.

Segundo minhas estatísticas no Skoob, esse ano consegui ler quase 3000 páginas a mais do que ano passado. Atribuo isso ao fato de ter recuperado meu hábito de leitura diário (nem que seja apenas 10 minutos) o que facilitou até a leitura de livros fora da minha zona de conforto. No entanto, minha habilidade de ler ainda é maior do que minha capacidade de escrever resenhas elaboradas para as postagens.

Para amenizar a situação, e saciar a curiosidade de vocês, todos os livros lidos desse ano tem resenha no Skoob, então se quiser saber um pouco mais sobre algum deles é só acessar meu perfil helainaideas e conferir!

Vocês já leram algum dos livros dessa lista? E como estão as leituras de vocês?
Metas concluídas ou o final do ano chegou muito rápido?

3 comentários:

  1. Dos citados, só estou lendo atualmente Felicidade clandestina, que de fato, é interessante. Clarice não é uma autora fácil , sua escrita é bem elaborada e muitas vezes é preciso paciência e foco para entrar na narrativa. Eu não tenho problemas em largar livros que não estou gostando, aliás, já fiz isso com um livro da Clarice, que nem lembro o título. Achei chato...pelo menos para mim.

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  2. Oi! Já li alguns dessa lista, mas tem um aí que ainda quero conferir muito, que é Harry Potter. Você leu vários da Agatha, inclusive o meu favorito E não Sobrou Nenhum. Eu também gosto muito do Poirot, mas a outra personagem dela também tem ótimas histórias. Se tiver oportunidade leia algo com a Miss Marple. Bjos!!
    Moonlight Books

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  3. Parabéns pelas metas!

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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